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SBPC
2009-03-17
Tabatinga, a cidade-sede da Reunião Regional da SBPC que começa nesta terça-feira, 17, fica a 1.050 quilômetros de Manaus. Chega-se a ela de barco ou de avião. Saindo da capital amazonense, leva-se quatro dias rio Solimões acima em uma embarcação regional típica. Pelos céus, em um avião bimotor, são duas horas e meia. Não há estradas que levem a Tabatinga.

A cidade está localizada na tríplice fronteira Brasil-Peru-Colômbia. Tem cerca de 45 mil habitantes, mas somada à população de Letícia, município colombiano com que faz divisa, chega-se a 90 mil pessoas. Do lado peruano a densidade demográfica é menor; gira em torno de 20 mil, contando com os moradores dos povoados de Islândia e Santa Rosa. Sendo assim, pode-se dizer que 110 mil brasileiros, peruanos e colombianos vivem na região do Alto Solimões que de 17 a 20 de março será a sede da Reunião Regional da SBPC.

A população indígena da região também é expressiva e fortemente enraizada, especialmente os da etnia Tikuna; estima-se que sejam mais de 25 mil espalhados pelas aldeias locais. A região, unida ao Vale do Javari, que fica ao lado, praticamente, e onde vivem mais quatro mil indígenas de seis etnias, tem um perfil antropológico ancestral. Os povos Tikuna, Maiuruna e Marubo, por exemplo, estão há mais de onze mil anos nessa parte da bacia amazônica, que tem nos rio Solimões, Javari, Curuçá e Içá, entre outros, uma das mais complexas culturas ribeirinhas e indígenas da Amazônia Ocidental.


Violência – Historicamente, Tabatinga tem sofrido com a influência do narcotráfico e das guerrilhas. Nos anos 1980 e parte dos 1990, com os guerrilheiros do Sendero Luminoso, do lado peruano. A partir dos anos 1990, com as Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia (Farc). Hoje, os cartéis de drogas da Colômbia e do Peru travam uma disputa acirrada pelo domínio das rotas de drogas na região. Os mercados dos EUA e da Europa são abastecidos pela cocaína que passa pelo Alto Solimões. Não por acaso, a penitenciária de Tabatinga abriga vários estrangeiros detidos portando drogas.

Para combater a violência dos grupos criminosos transnacionais, as Forças Armadas e a Polícia Federal do Brasil têm mantido contingentes de soldados e agentes federais permanentemente em prontidão na fronteira. Com freqüência, Exército, Marinha e Aeronáutica do Brasil, da Colômbia e do Peru realizam operações conjuntas para inibir a ação dos narcotraficantes e guerrilheiros na região.


Ensino e pesquisa – Uma das formas que o poder público está utilizando para melhorar a realidade da região é dotá-la de instituições de ensino superior. A Universidade Federal do Amazonas (Ufam) conta com o Instituto Natureza e Cultura, no município de Benjamin Constant, vizinho de Tabatinga. O Instituto realiza pesquisas na ampla área de sociobiodiversidade e oferece cursos de Administração, Antropologia, Biologia e Química, Ciências Agrárias e do Ambiente, Letras e Pedagogia.

Já a Universidade do Estado de Amazonas (UEA), com o seu Centro de Estudos Superiores de Tabatinga, conta com os cursos de graduação em Biologia, Geografia, Matemática, Letras, Educação Física, Normal Superior e Pedagogia. Oferece também três cursos em nível de especialização: Conservação dos Recursos Naturais; Educação Ambiental; e Ensino da Matemática na Educação Básica e no Ensino Superior. Há cerca de 180 projetos de pesquisa sendo realizados pela UEA em Tabatinga, nas áreas de Parasitologia, Epidemiologia, Matemática, Matemática Aplicada, Zoologia, Botânica, Geografia, Geografia Humana, Educação Ambiental, Genética Humana e Médica, Sociologia e Literatura Comparada.


SBPC fora do Brasil – É neste ambiente que a SBPC realizará sua 30ª Reunião Regional, com o tema “Conhecimento na fronteira”. A abertura será na noite desta terça-feira, com a presença do governador do Estado do Amazonas, Eduardo Braga. Nos três dias seguintes ocorrerão 13 conferências, 39 mini cursos, 15 mesas redondas e três grupos de trabalho, além de oficinas para estudantes do ensino fundamental e médio. Haverá também apresentação de cerca de 60 trabalhos na forma de pôsteres.

As atividades ocorrerão no campus da UEA, no ginásio e no auditório do GM3 e no ginásio da Escola Marechal Rondon. Além desses, e em fato inédito para a SBPC, algumas atividades ocorrerão fora do Brasil, ou seja, em território colombiano, mais precisamente no auditório da Biblioteca do Banco de La Republica, na cidade de Letícia.

A estimativa dos organizadores é de que cerca de quatro mil pessoas passarão pelo evento, dentre eles algumas centenas de índios. A maioria dos professores e alunos será de Tabatinga, Letícia e Benjamin Constant, mas são esperados também participantes de outras cidades brasileiras da região e das peruanas Islândia, Santa Rosa e Iquitos.

Dentre os palestrantes haverá docentes e pesquisadores da Universidade Nacional da Amazônia Peruana (Unap), do Instituto de Investigaciones de la Amazonía Peruana (IIAP), da Universidade Nacional da Colômbia (Unal), do Instituto Amazónico de Investigaciones Científicas (Sinchi, colombiano). Os brasileiros são das instituições localizadas no Amazonas e em diversos Estados, como Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul e São Paulo.
Boa parte da programação será focada em questões da Amazônia e em problemas locais. “Malária na Amazônia”; “Indicadores de sustentabilidade da intervenção humana na Amazônia colombiana”; “Visualização científica de dados socioambientais da Amazônia”; “Identidade, cidadania e fronteiras”; e “Política de pesquisa & desenvolvimento em tecnologia da informação na fronteira” serão alguns dos temas tratados nas conferências e mesas-redondas.

(Por Antonio Ximenes, SBPC, 16/03/2009)

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