Nova York – A população mundial chegará a nove bilhões de pessoas em 2050 e a sete bilhões no começo de 2012, com maior aumento nos países em desenvolvimento da Ásia e África, segundo um novo informe da Organização das Nações Unidas. “De todo modo, o futuro crescimento populacional dependerá em grande parte do caminho que seguir a fertilidade”, disseram os autores. Os especialistas da ONU indicaram que, segundo as projeções na variante “média” (uma das três alternativas do comportamento demográfico escolhidas para a pesquisa), a fertilidade cairá de 2,56 filhos por mulher no período 2005-2010 para 2,2 entre 2034 e 2050.
Se a fertilidade for de apenas meio filho a mais por mulher do que o calculado na variante média, a população mundial poderia chegar aos 10,5 bilhões de pessoas em 2050. Mas, se for inferior a meio filho por mulher, os habitantes da terra em meados do século somarão oito bilhões de pessoas. Em todo caso, o crescimento é inevitável. “Este informe é um alerta para os líderes mundiais sobre as consequências ao longo prazo de não investir na necessidade de aproximadamente 200 milhões de mulheres que carecem de acesso a anticoncepcionais seguros e eficientes”, disse à IPS a diretora-executiva do Fundo de População das Nações Unidas (UFPA), Thoraya Ahmed Obaid.
Além disso, destacou a necessidade de aumentar os investimentos para planejamento familiar, par atender as necessidades das mulheres, não só para preparar o futuro do planeta, mas para reduzir as mortes materna e a gravidez não desejada. “Os países deveriam solucionar estes desafios de forma a também garantir a participação de jovens como atores efetivos em suas sociedades”, afirmou Obaid. ‘Também deveríamos expandir o acesso a um pacote essencial de serviços de saúde reprodutiva, incluindo planejamento familiar, a maternidade segura e a prevenção do HIV, vírus causador da aids.
A diretora da Divisão de População no Departamento de Assuntos Econômicos e Sociais da ONU, Hania Zlotnik, destacou a necessidade de financiamento para os programas de planejamento familiar, especialmente nos países menos avançados. “O financiamento por parte de doadores é muito importante, especialmente para os países menos avançados, que precisam em grande parte de ajuda externa para financiar seus programas de planejamento familiar”, disse à IPS. Mas, afirmou temer que os governos beneficiados não destinem os recursos a políticas particulares e os usem para outras finalidades.
O informe também mostra que quando a taxa de fertilidade é controlada pela educação e outros métodos, as populações tendem a envelhecer. Nas nações industrializadas, os maiores de 60 anos constituem o setor de mais rápido crescimento, e se espera que aumente mais de 50% nas próximas quatro décadas. “Isto deveria fazer com que os países em desenvolvimento acelerassem planos para investir em sistemas que deem às pessoas idosas proteção social e econômica”, disse Obaid à IPS. Prevê-se que nove nações responderão pela metade do aumento populacional do planeta: Bangladesh, China, Estados Unidos,Etiópia, Índia, Nigéria, Paquistão, República Democrática do Congo e Tanzânia.
A projeção mostra que a população das nações em desenvolvimento aumentará de 5,6 bilhões em 2009 para 7,9 bilhões em 2050. A população total dos 49 países menos avançados mostra um rápido crescimento, de 2,3% ao ano, e passará dos atuais 840 milhões para 1,7 bilhão em 2050. o resto do mundo em desenvolvimento aumentará de 4,8 bilhões para 6,2 bilhões entre 2009 e 2050. A população nos paises industrializados mudará de forma mínima, ao passar de 1,230 bilhão para 1,280 bilhão. Os números teriam caído para 1,150 bilhão se não fosse a projetada imigração procedente do Sul em desenvolvimento, que, se prevê, terá média anual de 2,4 milhões entre 2009 e 2050, indica o informe das Nações Unidas.
Calcula-se que os maiores receptores de imigrantes entre 2010 e 2015 serão EUA (1,1 bilhão ao ano), Canadá (214 mil), Grã-Bretanha (174 mil), Espanha (170 mil), Itália (159 mil), Alemanha (110 mil), Austrália, (100 mil) e França (100 mil). Por outro lado, se prevê que as nações com maior emigração serão México (340 mil ao ano), China (309 mil), Índia (253 mil), Filipinas (175 mil), Paquistão (161 mil), Indonésia (156 mil) Bangaldesh (148 mil).
O informe prevê que as populações de 45 países diminuirão pelo menos 10% entre 2010 e 2050, entre elas as de Alemanha, Bielorússia, Bósnia-Herzegovina, Bulgária, Coréia do Sul, Croácia, Cuba, Geórgia, Hungria, Itália, Japão, Letônia, Lituânia, Moldávia, Polônia, Romênia, Rússia e Ucrania. Os cálculos do informe se baseiam nos mais recentes censos feitos pelas mais especializadas pesquisas de população do mundo.
(Por Nergui Manalsuren, IPS /
Envolverde, 13/03/2009)