Nos últimos 54 anos, parte da história da Baixada Fluminense esteve ligada diretamente ao Rio Guandu, responsável pelo abastecimento de 70% da população da região e 85% do município do Rio de Janeiro. A maior Estação de Tratamento do mundo, registrada no Livro dos Recordes, produz atualmente 3,7 bilhões de litros de água potável por dia.
Ao longo dos 48 Km de extensão do rio, pode-se atestar que parte da população ribeirinha continua há décadas mantendo hábitos, lazer e subsistência através da pesca. Indústrias cresceram às margens, gerando empregos. No entanto,ambientalistas alertam para o aumento da poluição.
Dois projetos da Cedae prevêem o aumento na distribuição de água e produção de matéria-prima alternativa. Segundo o engenheiro Edes Fernandes, gerente do Complexo do Guandu, a água então usada para a limpeza dos filtros da estação vai ser levada para o Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj), em Itaboraí.
Serão mais 3 mil litros por segundo, sendo metade para a utilização industrial e metade para abastecer a população, através de uma pequena estação de tratamento, a ser construída no local.
Outro projeto visa o aproveitamento do lodo de argila, extraído após o tratamento, para olarias confeccionarem tijolos e telhas de cerâmica. As águas do Rio Guandu são muito barrentas e, em épocas de chuvas, chegam a ser retiradas por dia mais de 300 toneladas de lodo.
Tratamento da água suja parece até um milagre
Quem vê a água barrenta entrando pelas comportas da Estação de Tratamento do Rio Guandu, custa acreditar que, após uma seqüência de procedimentos, a água irá se tornar potável, custando para o consumidor R$ 1,40 a cada mil litros consumidos.
O custo do tratamento e o número de procedimentos aumentam ou diminuem conforme as condições da água captada do Rio Guandu, formado em Paracambi pela junção das águas do Rio Ribeirão das Lajes e dos rios Piraí e Paraíba do Sul.
O processo de tratamento depende de vários fatores. “Primeiro a gente separa o barro da água e faz a retirada pela coagulação química. Depois é feita a filtração, desinfecção por cloro, correção de Ph e fluoretação, para auxílio no combate às cáries”, disse o gerente da Cedae, Edes Fernandes.
Na Baixada Fluminense, o Rio Guandu é responsável pelo abastecimento de cerca de 2,4 milhões de moradores. O Guandu abastece São João de Meriti, Belford Roxo, Nilópolis, Mesquita, e parte de Duque de Caxias e de Nova Iguaçu. No total, mais de 9 milhões de pessoas são beneficiadas pelo rio.
A Estação de Tratamento do Guandu fica no Km 19,5 da Rodovia BR—465, em Nova Iguaçu. Inaugurada em 1955, produz 43 mil litros por segundo — mais de 3,7 bilhões de litros.
O controle de monitoramento da água é feito pela Cedae, através de coletas semanais de amostras de água em vários pontos do rio. Outros controles também estão sendo feitos por outras entidades. Recentemente a Light, a Prefeitura de Paracambi e a ONG Onda Verde inauguraram o Laboratório de Análise de Potabilidade da Água, na Bacia do Rio Guandu.
(Helvio Lessa, O Dia, 15/03/2009)