Alegando o início de um novo ciclo, o presidente da Bolívia, Evo Morales, começou a transferir para agricultores indígenas a posse de milhares de hectares de terras confiscadas de latifundiários. Em cerimônia hoje (15) na província de Santa Cruz, ele distribuiu 34 escrituras a pequenos produtores rurais da região do Alto Parapeti.
Para Evo Morales, a entrega dos terrenos é um momento histórico na valorização dos povos indígenas. “"Hoje é um dia histórico. A partir de agora estamos começando a pôr fim ao latifúndio e à escravidão dos [índios] guaranis", disse o presidente boliviano, de acordo com a BBC Brasil.
A transferência da propriedade para os indígenas ocorre poucas semanas depois do referendo que aprovou a nova constituição boliviana, que limitou o tamanho das propriedades rurais em 5 mil hectares e aumentou o controle do governo sobre os recursos naturais do país. Aprovada em janeiro por 61% dos eleitores, a reforma constitucional ampliou os direitos dos 36 grupos indígenas da Bolívia.
Apesar do confisco de várias propriedades, Morales afirmou que seu governo respeitará a propriedade privada, desde que os latifundiários estejam dispostos a colaborar na redução das desigualdades. “Os latifundiários que não estão interessados na igualdade devem mudar sua forma de pensar e se concentrar mais nas necessidades do país do que no dinheiro”, declarou o presidente, segundo a BBC Brasil.
A cerimônia foi realizada na fazenda do cidadão americano Ronald Larsen, um dos proprietários que tiveram parte das terras tomadas pelo governo boliviano no último mês.
No leste do país, a província de Santa Cruz é um dos principais redutos de oposição a Morales, junto com as províncias de Beni, Tarija e Pando. Nesses estados, a nova constituição foi rejeitada com uma média de 60% dos votos, mas a limitação no tamanho das propriedades foi aprovada.
(
Agência Brasil, 15/03/2009)