Esta semana Brasília vai receber o Fórum Amazônia Sustentável, uma organização que reúne centenas de empresas e ONGs que atuam e discutem as melhores alternativas para o desenvolvimento da região que detém a maior floresta tropical do planeta. Um dos grandes dilemas da Amazônia é a construção de grandes obras de infra-estrutura, como hidrelétricas e estradas. A Amazônia é um ecossistema exuberante, mas que já apresenta marcas indeléveis da ocupação desordenada. Encontrar modelos de desenvolvimento que consigam levar conforto e qualidade de vida a mais de 25 milhões de pessoas que vivem em seu território, uma área que representa mais da metade do Brasil, é o desafio a que se propõem as empresas e organizações que formam o Fórum Amazônia Sustentável.
Brasília é o cenário natural para o lançamento do Fórum neste início de ano principalmente porque é de lá que virão as decisões para a aplicação de R$ 6 bilhões em recursos públicos para o Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) na Amazônia. Parcela significativa para a construção e pavimentação de rodovias em áreas de floresta ainda preservadas, com elevado grau de risco de degradação ambiental. Pesquisadores como Philip Martin Fearnside do Instituto Nacional de Pesquisas Amazônicas (INPA), acreditam que essa não é a melhor forma de se promover o desenvolvimento da região, temendo que isso aumente mais o desmatamento da floresta.
Durante o lançamento do Fórum Amazônia Sustentável no próximo dia 18, no Auditório Petrônio Portela no Senado em Brasília, instituições de defesa da Amazônia promoverão um debate sobre essas obras de infraestrutura no bioma.
Estarão presentes ao painel “Infraestrutura e Sustentabilidade na Amazônia”, a Senadora Marina Silva, o pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE), Diógenes Alves, a procuradora da república, Sandra Cureau, o subsecretário de Desenvolvimento Sustentável da Amazônia, Daniel Vargas e também representantes de organizações do terceiro setor, tais como a Preserve Amazônia, Instituto Centro Vida (ICV), Instituto SocioAmbiental (ISA) e IMAZOM.
Segundo Marcos Mariani, presidente da ONG Preserve Amazônia, essas rodovias funcionam como gigantescos vetores – agentes ou fatores indutores – que favorecem o desmatamento. “São os principais vetores físicos de desmatamento na Amazônia, assim como foram na Mata Atlântica, já que elas permitem o acesso generalizado e dificultam o controle e a fiscalização do transporte de pessoas e de produtos”, afirmou.
A falta de pessoal, a escassez de recursos e principalmente a corrupção tornam a fiscalização de uma extensa área em torno dessas rodovias insuficiente, facilitando o desmatamento e o comércio ilegal de madeiras e outros produtos da região. “Oitenta por cento da área desmatada na Amazônia está situada em uma faixa de até 50 km do eixo de alguma rodovia, mostrando a relação direta entre sua presença e a devastação da floresta.”, ressaltou Marcos Mariani.
AlternativasA construção de ferrovias e a ampliação da malha hidroviária como meios alternativos de transporte são defendidas pela instituição. Além de serem mais econômicos, os impactos ambientais são muito menores. “Em se tratando de transporte terrestre, o ferroviário é mais seguro, mais econômico e democrático. Além, disso oferece menos riscos ao meio ambiente e à população”, salientou Mariani.
Marcos chama a atenção para a oportunidade do país obter créditos no mercado internacional a partir da redução de desmatamento. “Isso é possível no caso de uma mudança no modelo de desenvolvimento, que atualmente prioriza as rodovias em detrimento das ferrovias e hidrovias”, finalizou.
O FórumO Fórum Amazônia Sustentável foi fundado em novembro de 2007, na cidade de Belém, como resultado de um longo de processo de diálogo liderado pelo Instituto Ethos e quarenta outras organizações, com o objetivo de criar um espaço de diálogo entre empresas, governos e organização da sociedade civil para estudar e criar alternativas de modelos de desenvolvimento sustentáveis para a Amazônia. Atualmente conta com a participação de mais de 170 instituições e empresas, entre as quais a Vale, Petrobrás, Alcoa e Orsa além das ONGs Instituto Ethos, Imazon, ISA, GTA, Instituto Envolverde, entre outros.
Mais informações sobre o Fórum Amazônia Sustentável no site: www.forumamazoniasustentavel.org.br
ServiçoO lançamento do Fórum Amazônia Sustentável acontecerá dia 18 de março, no auditório Petrônio Portela, no Senado Federal a partir das 9h00.
(Por Fabrício Ângelo,
Envolverde / Preserve a Amazônia, 15/03/2009)