Ser "amigo do ambiente" pode funcionar como estratégia de marketing, mas também como prática de gestão que ajuda a baixar custos. Mudar lâmpadas, reduzir o volume da água e instalar painéis solares são ações que fazem a diferença. É nesta lógica que o Hotel Vila Park, certificado este ano como Eco-Hotel, tem vindo a implementar várias políticas ambientais, desde a mudança de lâmpadas à formação dos funcionários, embora sem colocar "o ambiente à frente da comodidade dos clientes", explicou neste domingo à Agência Lusa Avelino Sousa, diretor da unidade hoteleira.
A certificação Eco-Hotel, atribuída pela Tüv - Rheinland Portugal à unidade hoteleira de três estrelas, de Vila Nova de Santo André, no Litoral Alentejano, sul de Portugal, veio formalizar as práticas ambientais já prosseguidas na gestão da instituição e promover a concretização de mais algumas.
A substituição de mais de 400 lâmpadas dicroica (vulgo focos) por "leds" (Light Emitting Diode) veio na sequência desta certificação e implicou um investimento na ordem dos nove mil euros, "valor que é recuperado em dois anos", assegurou Avelino Sousa que, enquanto gestor, assume que ser amigo do ambiente traz vantagens. "Essa substituição vai representar 85% de economia em eletricidade", afirma o gestor do hotel.
Além da poupança, a certificação ambiental abre portas para mais mercados. "Vimos aqui uma oportunidade, quer a nível de marketing, que nos consegue colocar em mercados, onde de outra maneira não conseguíamos estar, quer de gestão, porque, ao sermos amigos do ambiente, os custos de operação baixam", explicou o responsável.
Por outro lado, disse, os clientes que têm contato com estas práticas também "começam a ser mais exigentes com empresas" no que diz respeito a "comportamentos ambientalmente mais sustentáveis".
"Um dos compromissos que assumimos nas certificações é tentar mudar mentalidades, do nosso staff, que já está perfeitamente amigo do ambiente, dos fornecedores, que é mais complicado, e do cliente, quase como se fosse educação pública", salientou Avelino Sousa.
A lista de ações ambientais em que o Hotel Vila Park está envolvido não é curta. Já certificada como Eco-Hotel, a unidade recebeu uma menção honrosa dos Prêmios Turismo de Portugal, por ter criado o Passaporte Ambiental.
"Evite utilizar o elevador, se for pelas escadas queima calorias e gasta pouca eletricidade", "não coloque a lavar toalhas que não estejam sujas" e "não mexa nos talheres que não vai utilizar" são alguns dos conselhos que os turistas alojados no hotel podem ler no Passaporte, que pretende ajudar a "tornar o cliente verde".
Este passaporte visa sensibilizar os clientes, a quem é distribuído quando dão entrada no hotel. As preocupações com o consumo da água, de eletricidade, do gás, com a utilização dos detergentes e com a separação de resíduos estão espelhadas nas 12 páginas do passaporte, que divulga também a evolução de consumos na unidade desde 2003, ano de abertura.
A redução do volume de água dos chuveiros e dos lavatórios, a instalação de descargas ecológicas nos vasos e o cuidado de controlar o sistema de rega, são algumas das ações para a diminuição do consumo de água.
O consumo de gás desceu para menos de metade entre 2003 e 2008, tendo-se notado a maior redução em 2004, quando foram instalados painéis solares para pré-aquecimento da água.
Para este ano, as metas de redução de consumos no hotel, prosseguindo as mesmas estratégias, já estão definidas. "Pretendemos baixar o consumo de água em 10%, da eletricidade em 9% e do gás em 4%", adiantou o diretor.
O hotel foi também "o primeiro a aderir ao Rolhinhas", um programa de recolha e tratamento da rolha de cortiça das garrafas de vinho, e é "a primeira e única unidade carbon free do país", ou seja, compensa as emissões de CO2 através da reflorestamento, tendo já contribuído para este programa do Instituto da Conservação da Natureza e da Biodiversidade (ICNB) com mais de 21 mil árvores.
(Por Ângela Nobre, Agência Lusa,
UOL, 15/03/2009)