Lideranças indígenas denunciaram hoje (12/03) várias ações “truculentas” da Polícia Federal contra comunidades em Pernambuco, no Mato Grosso do Sul, Espírito Santo e na Bahia. As reclamações e relatos foram feitos durante a reunião da Comissão Nacional de Política Indigenista (Cnpi), ligada ao Ministério da Justiça.
Os líderes indígenas citaram o caso de uma ação da PF para garantir o cumprimento de uma ordem de reintegração de posse contra os índios Tupinambás, na Serra do Padeiro (BA). A índia Pierangela Cunha, da etnia Wapixana, que integra a bancada indígena na Cnpi, disse que em janeiro de 2008, para cumprir uma decisão judicial em favor de fazendeiros, a Polícia Federal utilizou gás lacrimogêneo e balas de borracha contra os índios, além de incendiarem suas roças. “Queremos que esses casos onde houve violência excessiva sejam apurados”, afirmou.
A líder disse ser importante que nas ações policiais nas comunidades indígenas haja “um acompanhamento mais efetivo” por parte da direção da Polícia Federal para evitar os excessos dos agentes. O delegado federal Carlos Santos explicou que o caso da Serra do Padeiro “houve uma resistência por parte dos indios tupinambás”. E garantiu que que nas ações da PF “tudo é feito dentro de um processo moderado, com medidas de menor potencial lesivo”. Santos disse ainda que a Polícia Federal não tem interesse em conflitos e que só utiliza a força em “casos extremos”.
Pierangela Cunha defendeu a necessidade de se estabelecer diretrizes para ações da Polícia Federal em terras indígenas. “Deve haver um diálogo da Polícia Federal, com a Funai (Fundação Nacional do Índio) e com as lideranças indígenas para que não ocorram esses abusos”, disse. O delegado Santos explicou que já existe um planejamento da PF e da Funai par um trabalho conjunto com as lideranças indígenas. Segundo ele, o interesse é de “aprimorar um trabalho de comunhão”.
(Por Vladimir Platonow, Agência Brasil, 12/03/2009)