Barack Obama encararia uma revolução nos EUA se anunciasse medidas de curto prazo que obrigassem cortes nas emissões de dióxido de carbono (CO2). É nisso que acredita o presidente do IPCC, Rajendra Pachauri, que ainda acrescentou que será muito difícil ver nos EUA o mesmo tipo de compromisso com a redução de emissões que é visto na União Européia.
“Obama não irá anunciar que em 2020 as empresas serão obrigadas a cortar emissões em 30%, se fizesse algo assim enfrentaria sérios problemas internos de governabilidade. Ele vai ter que manobrar um passo de cada vez”, conta Pachauri.
As palavras do presidente do IPCC se somam com as de Todd Sterm, autoridade para o clima do governo americano, que informou que é impossível para os EUA a realização cortes da ordem de 25% a 40% em 2020.
Obama já afirmou que quer um corte de 80% nas emissões em 2050, mas pesquisadores alegam que um compromisso tão a longo prazo pouco contribui para incentivar países como a China a assinar um novo tratado do clima, que deve substituir o Protocolo de Quioto no futuro.
Pachauri, em entrevista ao jornal britânico Guardian, comentou que é fundamental que os EUA tenham uma postura mais pró-ativa em relação ao clima, e que isso deveria acontecer em breve. Também se disse preocupado com a pressão interna no país, que pode ser grande demais para possibilitar a assinatura do novo tratado em dezembro em Copenhague.
E é na capital da Dinamarca que estão reunidos nesta semana cerca de dois mil especialistas, num encontro que pode ser considerado uma prévia para a grande reunião do fim do ano. Eles estão esmiuçando o cenário atual das mudanças climáticas, de forma que o próximo tratado seja o mais completo e eficiente possível.
Política Interna
Enquanto isso na América, representantes do partido democrata querem remodelar as políticas energéticas dos EUA realizando a fusão das propostas para o setor do presidente Obama. Eles querem que o projeto de um mercado de carbono e as iniciativas para energias renováveis sejam reunidos em uma única proposta.
A presidente da Câmara de Representantes dos Estados Unidos, Nancy Pelosi, deu força à idéia e afirmou que deseja que todas as proposições sejam apresentadas em um único documento. O líder do partido democrata no senado, Harry Reid, também apoiou a medida.
Para alguns grupos ambientais a decisão de apresentar um único documento pode acelerar as decisões, porém cresce o perigo de não se ter nada aprovado, pois os oposicionistas teriam um único alvo para atacar.
“Existe o risco do governo acabar não conseguindo aprovar nem o mercado de carbono nem os incentivos às novas energias”, alerta o professor Julian Zeliter, especialista em relações públicas da Universidade de Princeton.
Segundo Tim Greeff, diretor de um grupo de eleitores engajados nas causas ambientais (The League of Conservation Voters), para facilitar as votações faz sentido juntá-las em um só documento. “As batalhas que as pessoas terão que lutar acontecerão de qualquer maneira. Pelo menos assim, em uma única proposta, nós podemos sentar e ter uma longa conversa a respeito”, concluiu.
(Por Fabiano Ávila, CarbonoBrasil, 12/03/2009)