Desmatamentos, uso de agrotóxicos, conflitos por terras, trabalho escravo e violência no campo. Esses são apenas alguns problemas enfrentados pelas pessoas que trabalham e vivem nas zonas rurais do País. Foi justamente para tentar ajudar essa parcela da população que surgiu, em 1975, a Comissão Pastoral da Terra (CPT).
Antonio Canuto, secretário da coordenação nacional, explica que a CPT nasceu inicialmente por conta dos conflitos na Amazônia. Ele acrescenta que a região é bastante visada por empresas de interesses capitalistas que invadem áreas indígenas e utilizam trabalhadores no desmatamento. Assim, a criação da CPT foi uma resposta à situação dos trabalhadores e indígenas que vivem na Amazônia.
Segundo o secretário, a CPT atua, também, na tentativa de articular os trabalhadores rurais. Ele comenta que, logo após o início da CPT, percebeu-se que a luta do trabalhador rural "era parecida em todo canto", o que fez a Comissão se expandir para outras regiões do País.
Atualmente, a CPT tem a sede da Coordenação Nacional funcionando em Goiânia (Goiás) e está presente em 21 regionais articuladas com a Regional da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB). Cada CPT regional é composta por uma coordenação, eleita em Assembleia, e por equipes de base, que fazem o acompanhamento com trabalhadores rurais, estimulando-os a se organizarem.
De acordo com Canuto, a CPT apoia as ações dos trabalhadores e faz parte da história de organização de diversos movimentos, como o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) e o Movimento de Mulheres Camponesas (MMC), por exemplo. Além disso, ele comenta que a Comissão trabalha seguindo três eixos de ação: a terra, a água e os direitos.
O secretário explica que no eixo da Terra, a Comissão trabalha com o enfrentamento do problema da posse e da sobrevivência na terra, estimulando a agricultura familiar e a agroecologia. Na Água, a Comissão atua contra: a privatização da água, a construção de barragens e a transposição do Rio São Francisco. Já nos Direitos, a entidade trabalha em busca dos direitos dos trabalhadores assalariados, além de registrar e denunciar o trabalho escravo.
Com mais de 30 anos de existência a CPT ajudou nas ações de várias organizações. Canuto comenta que, apoiando o MST, já conseguiu assentar mais de 350 mil famílias. Além disso, a Comissão publica, anualmente, a obra Conflitos no Campo Brasil, que apresenta dados sobre a questão agrária em nível nacional, conseguindo, assim, dar maior visibilidade ao conflito no campo. "Conseguimos colocar na pauta nacional os conflitos e a violência no campo", comenta.
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As matérias do projeto "Ações pela Vida" são produzidas com o apoio do Fundo Nacional de Solidariedade da CF 2008
(Adital,
Amazonia.org, 12/03/2009)