Para superar barreiras como a burocracia dos bancos e a carência de recursos para seus projetos, lideranças indígenas se reuniram ontem na sede da Fundação Amazonas Sustentável (FAS) com representantes do Banco do Brasil, Banco da Amazônia, Agência de Fomento do Amazonas (Afeam) e Sebrae-AM. Elas apresentaram às instituições as atividades que precisam de parcerias e de apoio governamental.
Segundo o presidente da Confederação das Organizações Indígenas e Povos do Amazonas (Coiam), Estevão Lemos Barreto, o cultivo do guaraná, a piscicultura, a pesca esportiva, o extrativismo mineral e o etnoturismo são algumas das atividades que podem dar um retorno financeiro maior com o acesso ao crédito. "A gente não quer mais ficar nessa situação de pedintes, de assistencialismo da Funai. Queremos autonomia e para isso precisamos do compromisso das autoridades", enfatizou.
No grupo das atividades que deram certo, o cultivo do guaraná e a produção do óleo de copaíba são as que alcançaram o maior crescimento. Os sateré-maué de Maués, Barreirinha e Parintins compõem o projeto Fortaleza Guaraná, que já possui certificação orgânica dos produtos e exporta guaraná em pó para a Itália e a França, por meio da empresa Agrorisa Produtos Alimentícios Naturais.
Segundo o representante do comércio internacional do Conselho Geral da tribo sateré-maué, Obadias Sateré-Maué, o projeto envolve aproximadamente 250 indígenas, que atingem a produção média de cinco toneladas/ano de guaraná e retorno líquido de R$ 160 mil. "Queremos fazer parceria. Se o Governo do Estado se envolvesse, teríamos credibilidade para buscar recursos internacionais", disse.
(A Crítica / Amazonia.org, 12/03/2009)