O juiz substituto da Vara Agrária, Ayrto Tenório, concedeu na tarde desta quarta-feira (11/3) liminar de reintegração de posse à empresa Laginha Agroindustrial S.A., proprietária da fazenda Campo Verde, ocupada desde a madrugada desta segunda-feira (9/3) em Branquinha (aproximadamente 70km de Maceió). O MST, a CPT (Comissão Pastoral da Terra), e o MLST (Movimento de Libertação dos Sem Terra) ainda não tomaram conhecimento oficial da decisão.
A decisão do juiz substituto surpreendeu por não ter convocado os movimentos para um diálogo, além de não ter tido contato algum com o local da ocupação, práticas comuns na Vara Agrária. Segundo o Centro de Monitoramento de Agrocombustíveis da ONG Repórter Brasil, nas terras da usina Laginha já foram encontrados menores trabalhando no corte da cana, além de o proprietário ter sido notificado no ano passado pelo Grupo Móvel do Ministério do Trabalho e Emprego por prática de trabalho escravo. Na ocasião, a Operação Zumbi dos Palmares libertou 53 cortadores escravizados e o grupo João Lyra terá que pagar indenização por danos causados ao interesse difuso e coletivo dos trabalhadores.
Apesar da reintegração anunciada, o clima no acampamento é tranquilo. Os agricultores já começaram a substituir a cana-de-açúcar por alimentos (feijão e milho) numa área de aproximadamente cinco hectares. A área de Ciranda já está desenvolvendo atividades com as crianças e uma sala de aula deve ser erguida hoje. Os trabalhadores rurais aguardam uma vistoria do Incra (Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária), pedido protocolado ontem pela manhã.
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MST, 13/03/2009)