Cerca de 60 agricultores ocuparam agência do Banco do Brasil em Erechim, no Norte do Rio Grande do Sul, para pressionar governos por medidas contra a estiagem. Brigada Militar retirou e identificou todos os manifestantes; sete foram presos pela Polícia Civil do município.
Um protesto de agricultores que exigia medidas dos governos estadual e federal para amenizar as perdas com a estiagem terminou em repressão no Rio Grande do Sul. Cerca de 60 camponeses ocuparam na tarde desta quarta-feira (11) a agência do Banco do Brasil na avenida Sete de Setembro na cidade de Erechim, no Norte gaúcho.
Os manifestantes bloquearam a entrada e a saída da agência por quase uma hora e meia. Por volta das 15h negociaram a entrada do gerente da agência para terem uma audiência e tratarem das reivindicações. Foi neste momento que, segundo relatos, o Batalhão de Operações Especiais (BOE) da Brigada Militar entrou no local, retirou os agricultores à força, revistou e fez a identificação.
O camponês e integrante do Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB), Elias Dobrovolski, critica a postura da direção do Banco do Brasil, que permitiu a ação truculenta da polícia no local.
"O Banco do Brasil, que se diz do Brasil, está colocando a polícia juntamente com a nossa governadora [Yeda Crusius] para bater nos brasileiros. Porque aqui é o povo; são agricultores, pessoas humildes, que vieram apenas reivindicar os seus direitos porque não têm como estar pagando as dívidas. Não quebraram nada, estavam apenas lá dentro reivindicando os seus direitos", diz.
Os agricultores foram levados em dois ônibus até uma delegacia da Polícia Civil do município, onde prestaram depoimento. Até o final da tarde, sete manifestantes estavam presos sob a acusação de cárcere privado. O gerente da agência do Banco do Brasil de Erechim não foi encontrado pela reportagem para falar sobre o assunto.
Entre as reivindicações a serem feitas pelos agricultores ao gerente, conta Dobrovolski, está a anistia às dívidas da pequena agricultura. "Queremos a anistia das dívidas do Pronaf [Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar] pelo Banco do Brasil, que são os financiamentos do custeio e do investimento que as parcelas serão cobradas a partir de Maio e Junho. Outra questão é em relação ao governo do Estado. Queremos a anistia do pagamento das sementes do Programa Troca-troca", conta.
Levantamentos apontam que os agricultores do Norte gaúcho chegaram a perder, com a estiagem, até 80% das lavouras de milho e de feijão.
(Agência Chasque, 12/03/2009)