Setecentas mulheres integrantes da Via Campesina marcharam na manhã desta quarta-feira (11) em Bagé, no Sul gaúcho, contra as monoculturas de eucalipto na região. A caminhada iniciou em torno das 9h em frente à Escola Estadual de Ensino Médio Frei Plácido e prosseguiu até o Trevo de Santa Tecla, na saída da cidade.
A reportagem é de Raquel Casiraghi e publicada pela Agência de Notícias Chasque, 11-03-2009.
Durante o percurso, as camponesas entregaram panfletos à população em que denunciam os prejuízos já provocados pelas monoculturas de eucalipto. A integrante da Via Campesina, Ana Soares, relata que assentados da reforma agrária de cidades vizinhas reclamam do ressecamento de mananciais e da invasão das lavouras por animais.
"Os animais que moram nos eucaliptos estão saindo das florestas porque não encontram mais comida e estão invadindo as lavouras dos pequenos agricultores. Os camponeses não têm conseguido fazer boa colheita nos últimos anos. Também há ressecamento de rios", diz.
A manifestação terminou ao meio-dia, com as mulheres voltando de ônibus para as suas regiões.
A marcha em Bagé encerrou as atividades das camponesas para marcar o Oito de Março, Dia Internacional da Mulher, na região. As manifestações iniciaram na madrugada de segunda-feira (09), com a ocupação da antiga Fazenda Ana Paula, de propriedade da Votorantim Celulose e Papel (VCP), na cidade vizinha de Candiota (RS). As mulheres cortaram 1 hectare de eucalipto e realizaram uma marcha na propriedade, que tem 18 mil hectares e circunda 53 assentamentos. Seis camponesas e um frei que apoiou o protesto foram indiciados pela polícia.
Na terça-feira, assentados do local cortaram os eucaliptos da Votorantim em apoio às mulheres e em protesto contra a monocultura.
(Unisinos, 12/03/2009)