A Polícia Federal prendeu ontem, em nove Estados, 72 pessoas suspeitas de integrar uma quadrilha internacional que contrabandeava animais silvestres. No Rio Grande do Sul, foi preso um casal em Alvorada. Com ele, os agentes apreenderam redes de pesca, um barco, um Palio preparado para transporte ilegal de bichos, além de 40 ovos de tartaruga e duas aves.
Segundo as investigações, o bando era liderado por uma mulher de 68 anos e por um checo, ambos presos no Rio. A Interpol emitiu o alerta de difusão vermelha (Red Note) a 187 países para a prisão de cinco estrangeiros – três tchecos, um suíço e um português – suspeitos de participar do esquema. Apenas no Brasil, os criminosos teriam faturado em torno de R$ 20 milhões só no ano passado.
– Calculamos que a quadrilha contrabandeou 500 mil animais em um ano – disse o delegado Alexandre Saraiva, da Delegacia do Meio Ambiente e Patrimônio Histórico da PF.
A ação, batizada de Operação Oxóssi (divindade africana protetora das matas e dos animais), mobilizou 450 agentes – entre eles, militares da Marinha – para prender caçadores, cinco policiais militares, contrabandistas e vendedores de animais.
O Ministério Público Federal obteve em todo o país 103 pedidos de prisão preventiva e 139 mandados de busca e apreensão. Apenas no Parque Nacional da Bocaina, em Angra dos Reis (litoral sul fluminense), 16 caçadores foram presos. Metade deles teve os bens sequestrados pela Justiça.
No Rio, apontado pela polícia como a principal porta de saída dos animais, 48 pessoas foram detidas. Alguns animais viajavam com a documentação falsa e outros, escondidos em caixas, casacos e até em tubos de PVC.
Além do Brasil, a quadrilha contrabandeava animais de países africanos, da Austrália e da Indonésia, onde um alemão é apontado como o chefe do bando.
(Zero Hora, 12/03/2009)