Uma montadora de veículos decidiu investir em uma Pequena Central Hidrelétrica (PCH). Com investimento de R$ 50 milhões, a Volkswagen detém 40% do capital social da Celan (Central Elétrica Anhanguera), que já começou a ser construída no Rio Sapucaí, entre os municípios de Guará e São Joaquim da Barra, na região noroeste de São Paulo. Ainda sem conseguir pronunciar a palavra "Anhanguera", o alemão Thomas Schmall, presidente da Volkswagen, anunciou ontem a estreia do fabricante de carros no setor de energia. "Devemos ser a primeira montadora a ter uma central hidrelétrica", disse.
O interesse da multinacional no setor se deveu a três motivos: as perspectivas de falta de energia no futuro, a possibilidade de geração de créditos de carbono e, do lado ambiental, a oportunidade de investir em energia limpa e renovável. "Temos o princípio de que toda energia, daqui para a frente, tem de ser limpa", afirma o presidente da Volks. "Além disso, é preciso pensar em oferta de energia para o futuro", completa. Segundo o executivo, não existe iniciativa do gênero em nenhuma outra das fábricas que o grupo Volkswagen tem no mundo.
A potência da nova PCH será de 22,68 MWh, o que equivale a aproximadamente 18% do consumo anual das quatro fábricas que a Volkswagen possui no Brasil. A empresa gasta 500 mil MW por ano. A potência total da nova PCH equivale a um terço do que é utilizado pela maior fábrica da montadora no país.
O investimento total no empreendimento será de R$ 100 milhões. O restante dos recursos será investido por dois outros sócios: a Sociadade de Energia Bandeirantes (Seband), que é dona de 33% do capital da nova PHC, e a Pleuston Serviços, com os 27% restantes. Essas duas empresas já atuam no ramo e, como pertencem ao mesmo grupo, detêm o controle da PCH.
A nova PCH deverá ser inaugurada no início do próximo ano. A construção dessa pequena central acabou recuperando uma área que estava degradada. O entorno do Rio Sapucaí se transformou em uma região agrícola. Para fazer a obra, os investidores tiveram que fazer uma recuperação do local.
O plano da construção da PCH Anhanguera inclui medidas para diminuir o impacto ambiental. Entre as ações, os investidores terão de manter viveiros de mudas nativas para reflorestamento. A obra conta com licença ambiental revalidada pela CPFL, a distribuidora.
Resultado de resolução da Agência Nacional de Energia Elétrica (ANEEL), uma PCH tem de ser uma usina de pequeno porte. A capacidade instalada tem de ser inferior a 30 MWh. Por isso, as PCHs são construídas em rios de pequeno porte. O Rio Sapucaí é um afluente da margem esquerda do Rio Grande. A nova central contará com uma área inundada de 2,2 quilômetros quadrados.
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Valor Econômico, 12/03/2009)