O Presidente norte-americano Barack Obama já disse estar disposto a reduzir as emissões de gases com efeito de estufa (GEE) de forma a chegar a 2020 com os níveis de 1990. Mas caso se comprometa com os cortes pedidos pelos cientistas, Obama poderá gerar uma “revolução” nos Estados Unidos, alertou ontem Rajendra Pachauri, presidente do Painel Intergovernamental da ONU para as Alterações Climáticas (IPCC, sigla em inglês), ao jornal britânico “The Guardian”.

Pachauri, que falava à margem de uma reunião de cientistas em Copenhaga, alertou que os constrangimentos políticos internos tornam impossível para o Presidente norte-americano anunciar reduções a curto prazo, semelhantes às adoptadas pela União Europeia.

“Ele [Obama] não vai dizer: ‘em 2020 vou reduzir as emissões em 30 por cento’. Ele teria uma revolução nas suas mãos. Terá de fazê-lo passo a passo”, contou Pachauri ao “The Guardian”.

O Velho Continente comprometeu-se com reduções de entre 20 a 30 por cento, a níveis de 1990, até 2020. Mas o IPCC considera necessário reduzir um pouco mais, entre 25 e 40 por cento, para evitar as alterações climáticas.

Já na semana passada, o negociador dos Estados Unidos para o clima, Todd Stern, tinha declarado que não será possível os Estados Unidos comprometerem-se com cortes de 25 a 40 por cento até 2020.

Sucessor de Quioto precisa do compromisso de Obama
Pode dizer-se que a comunidade internacional que vai decidir o sucessor do Protocolo de Quioto, em Dezembro em Copenhaga, está de olhos postos em Obama. Os Estados Unidos alteraram a sua política climática quando o novo Presidente tomou posse, a 20 de Janeiro, e querem agora ser líderes nas negociações contra o aquecimento global. Além disso, devem apresentar-se com uma posição forte para convencer países renitentes a agir, como a China.

Se Washington não conseguir aprovar metas de redução significativas e legislação a tempo da conferência de Copenhaga, o sucesso do pós-Quioto poderá ficar comprometido. Pachauri disse ainda ao “The Guardian” que os Estados Unidos precisam fazer mais a curto prazo mas receia não existir apoios internos suficientes.

(Publico, 10/03/2009)