As areias do Saara, no norte da África, podem ganhar uma enorme usina de energia solar. Essa unidade terá painéis para refletir a luz para uma torre central, onde se produz eletricidade.
Segundo o diário britânico The Guardian, a idéia partiu do Dr. Anthony Patt, do International Institute for Applied Systems Analysis in Africa, que participa nesta semana de uma conferência sobre aquecimento global em Copenhagen, na Dinamarca. De acordo com o cientista, os países europeus poderiam suprir sua necessidade de energia elétrica com o investimento em uma rede gigante de painéis solares no deserto. Para isso, o governo do bloco teria que investir algo em torno de 50 bilhões de libras (o equivalente a 163 bilhões de reais) na próxima década para transformar o projeto em realidade.
"A iniciativa iria convencer empresas privadas que a energia vinda do Saara é um investimento viável e atraente", diz Patt. No futuro, as enormes redes de painéis solares no norte africano poderiam abastecer a Europa com toda a eletricidade que o continente precisa, utilizando-se uma pequena fração do deserto.
"A intensidade da luz solar no Saara é duas vezes mais forte que na Espanha, onde existe um projeto semelhante. E, no deserto, o sol é um recurso constante, raramente bloqueado por nuvens, mesmo no inverno", afirma o especialista. O esquema seria composto de espelhos para concentrar os raios do sol em um tubo fino, contendo sal ou água. Os raios fervem a água ou dissolvem o sal, o que cria energia para mover as turbinas usadas na geração de eletricidade.
Um grupo de especialistas da Europa e da África está realizando uma pesquisa para concluir se o projeto é realmente factível. Os resultados serão apresentados ao governo ainda este ano. Possíveis locais para a instalação do conjunto de painéis seriam Egito, Marrocos, Argélia e Dubai, mas Líbia e Tunísia não estão descartados. Porém, a idéia pode enfrentar resistência de comunidades européias que não gostariam nada de ter cabos de transmissão de energia instalados perto de suas casas.
(Por Mariana Caetano, Globo, 10/03/2009)