Durante invasão, Via Campesina destruiu 1,6 mil eucaliptosA invasão a uma fazenda em Candiota pela Via Campesina, grupo ligado ao Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), terminou ontem com o indiciamento de sete pessoas.

Elas foram apontadas pela Polícia Civil como participantes do protesto que destruiu na segunda-feira 1,6 mil árvores de eucalipto na Estância Aroeira, antiga Fazenda Ana Paula, de propriedade da Votorantim Celulose e Papel (VCP).

De acordo com o delegado da Polícia Civil, Arlindo Dutra Martins, entre os indiciados estão líderes do MST no Estado como Ivonete Tonin, 38 anos, e Frei Vilson Zanatta, 50 anos. Todos foram identificados e liberados.

O acampamento, que tinha a participação de centenas de mulheres e crianças, foi desfeito durante mobilização da Brigada Militar. Sob instrução do subcomandante-geral Lauro Binsfield, a operação começou no fim da tarde de segunda-feira, quando os policiais bloquearam a estrada que dava acesso ao local onde estavam as integrantes da Via Campesina. Não passavam sequer moradores, exceto com autorização dos PMs.

Na manhã de ontem, a BM intensificou a ação. Com presença do Batalhão de Choque, Pelotão de Operações Especiais, helicóptero e cavalaria, os policiais apreenderam escudos, facões e foices, em um total de 500 objetos. As mulheres foram revistadas e encaminhadas em cerca de 20 ônibus para a zona urbana de Candiota, onde ficaram sob vigília de policiais em um ginásio. Até o começo da noite, elas continuaram no local.

Binsfield classificou a operação como bem-sucedida. Ele garantiu que não houve o uso de violência.

– Fizemos uma ação enérgica e forte. Não houve resistência – disse.

Invasão integrou jornada nacional

Zero Hora tentou contato no início da noite com os indiciados, mas os porta-vozes do MST informaram que eles não atenderiam ao pedido de entrevista. Em nota publicada no site oficial, o movimento criticou a ação da BM. Os sem-terra classificaram a ação policial como truculenta, afirmando que mulheres e crianças teriam sido alvos da violência dos PMs.

A manifestação integrou a Jornada Nacional de Luta das Mulheres da Via Campesina. Em Candiota, a mobilização protestou contra a plantação de eucalipto. Segundo dados da VCP, a Estância Aroeira conta com 14,5 mil hectares, sendo 7,5 mil plantados.

(Zero Hora, 11/03/2009)