Peixes serão monitorados por cinco meses usando radiotransmissoresApós percorrer cerca de cem quilômetros de São Leopoldo até Caraá – onde está localizada a cabeceira do Rio dos Sinos – a equipe integrante do Projeto Peixe Dourado da Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos) improvisou uma mesa sob pedras e submeteu 12 peixes a microcirurgias. Com implantes de radiotransmissores, os dourados foram liberados em três pontos estratégicos do rio ontem, e serão monitorados por cinco meses.
Além de analisar o comportamento da espécie ao longo do rio, a equipe pretende criar um método para a reintrodução do dourado nas águas do Sinos. A espécie foi quase exterminada daquelas águas em função de pescas e da poluição. Bioindicador natural, o peixe só conseguirá permanecer se o Sinos estiver em condições de acolhê-lo. A pesquisa, em andamento desde 2001, é uma iniciativa da Unisinos e do Comitê de Gerenciamento da Bacia do Rio dos Sinos (Comitesinos), com patrocínio do Programa Petrobrás Ambiental.
Submersos em sacos plásticos de água, os dourados foram separados em três levas de 47 peixes e transportados até a cabeceira do rio, distante cerca de 10 quilômetros da nascente. No final de janeiro, outros 60 peixes foram levados até a cabeceira e 13 deles estão sendo monitorados.
Peixe é reflexo do equilíbrio do ambiente
Pequenos cortes feitos sob efeito de anestesia permitiram que sensores fossem introduzidos nos animais. Na sequência, eles foram liberados em pontos específicos do rio, onde há condições ideais de profundidade e disposição de alimentos.
– O peixe dourado é típico do Rio Grande do Sul e é um bioindicador muito bom. Se tem em abundância, é reflexo de que o ambiente está ecologicamente equilibrado – destaca o professor de Biologia, coordenador do Laboratório de Ecologia de Peixes da Unisinos e coordenador técnico do Projeto Dourado, Uwe Schulz.
Na primeira fase do projeto, com o mesmo tipo de monitoramento, a equipe conseguiu dados sobre alimentação e períodos de reprodução da espécie. Hoje, acumula mais informações sobre o ciclo de vida. Da leva solta em janeiro, os estudiosos já sabem que eles formam cardumes e que têm um líder.
– Precisamos destes dados para trazer o dourado de volta ao Sinos. Nosso sucesso será eles ficarem lá e se reproduzirem – diz Schulz.
(Zero Hora, 11/03/2009)