Os pescadores e a comunidade organizada que lutam pela inclusão da população nos grandes projetos instalados em Barra do Riacho, em Aracruz, norte do Estado, estão sendo discriminados pelo jornal local, Folha do Litoral, como denunciou o representante do Sindicato da Orla Portuária e morador de Barra do Riacho, Erval Nogueira.
Matéria publicada no veículo afirma que assim como os índios, os pescadores e moradores da região estariam atentando contra o desenvolvimento econômico do norte. A manifestação do jornal, que circula nos municípios de Aracruz, João Neiva, Ibiraçu e Linhares, foi veiculada depois que a comunidade paralisou as atividades do Terminal Aquaviário da Aracruz Celulose, o Portocel.
Segundo a publicação, “depois dos protestos dos índios contra a indústria de celulose, agora chega a vez dos sem-empregos” atentarem contra o desenvolvimento na região. Para Erval, o jornal está ignorando os problemas econômicos gerados pelo modelo de desenvolvimento imposto na região, como a prostituição, a decadência do turismo e a crise na pesca, dentre outros.
A comunidade ressalta que a pesca foi prejudicada com a movimentação e as obras do novo porto da Petrobras na região, e nem assim a mão de obra local foi priorizada pelo empreendimento. Ele afirma que das 411 vagas preenchidas pra trabalhar na construção civil, apenas 29 são de moradores da Barra do Riacho e região.
Lembram ainda da dragagem - motivo de conflito no início das obras –, que prejudicou a pesca na região por depositar lama retirada do fundo do mar a um quilômetro da costa, afugentando os peixes e prejudicando a navegação. Os pescadores reclamam que além da grande circulação de barcos, as obras e as futuras áreas de bota-fora para as dragagens podem acabar de vez com a pesca na região.
Um acordo chegou a ser feito com a empreiteira Carioca, responsável pelas obras da Petrobras, prevendo a contratação da mão-de-obra local até o próximo dia 18.
Com a sua ampliação, a Petrobras terá capacidade para a atracação de navios com capacidade para transportar até 60 mil toneladas de GLP ou gasolina natural. Também fazem parte da ampliação do Portocel a construção de três tanques refrigerados e outros três tanques para armazenar a gasolina natural. A previsão é que as obras sejam concluídas no final de 2009.
Os pescadores da região sofrem há 10 anos com o assoreamento causado pelo Portocel. Segundo eles, com a crise na pesca, a população procurou se capacitar, e agora não há vagas para trabalhar.
(Por Flavia Bernardes,
Século Diário, 10/03/2009)