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biocombustíveis
2009-03-10

A expectativa de alta nos preços do petróleo e a redução nos estoques de biocombustíveis devem proporcionar uma recuperação da indústria de combustíveis limpos nos próximos meses, avalia o banco de investimentos Bank of America - Merrill Lynch. Um estudo realizado pela instituição mostra que, com os cortes de produção realizados pela Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP), o mercado de petróleo deve rapidamente retomar seu equilíbrio. "O mercado de gasolina nos Estados Unidos foi o primeiro a reagir e nós acreditamos que o mercado global de óleo cru também já começa a entrar em equilíbrio", diz a instituição em relatório.

A queda nos preços do petróleo verificada nos últimos meses foi um dos principais fatores que provocaram a redução na demanda por biocombustíveis. Com a gasolina mais barata, os consumidores trocaram os combustíveis limpos pelo derivado de petróleo. As metas de redução na emissão de gases tóxicos, porém, devem fazer com que a procura pelos biocombustíveis volte a subir. A Merrill Lynch destaca que os governos de todo o mundo continuam vendo o biocombustível como uma forma de reduzir a dependência de petróleo, mas pondera ao afirmar que os governos não costumam ser muito felizes na escolha do melhor caminho para a eficiência energética. "Com medidas protecionistas, como a aplicação de taxas e tarifas, qualquer mudança para tecnologias mais eficientes poderá ser lenta. O aumento na capacidade de produção deve ocorrer, mas é improvável nos próximos três anos uma redução na dependência das fontes tradicionais de energia", avalia o banco.

Nos Estados Unidos, o governo Obama demonstrou interesse pelo assunto ao direcionar 800 milhões de dólares para o desenvolvimento da próxima geração de biocombustíveis. A expectativa é de que a segunda geração de combustíveis limpos represente um significativo aumento na eficiência de produção, representando uma melhora no uso de recursos como água, energia e solo. Até o momento, estima-se que o país tenha investido cerca de 1,5 bilhão de dólares na nova tecnologia, valor considerado baixo em comparação aos investimentos em outras áreas.

Com a fuga de capital do setor, a Merrill Lynch acredita que haverá um segundo round na disputa entre alimentos e combustíveis, que pode acontecer já no próximo ano. "Se os preços do petróleo começarem a se recuperar em 2010, nós poderemos ver uma reprise de 2007 e 2008" , diz. Na visão do banco, as margens de lucro das usinas continuarão fracas até que essa disputa aconteça.

Nos últimos 12 meses, os preços das commodities apresentaram grande volatilidade, levando as margens de lucro das usinas ora para o campo negativo, ora para o campo positivo. Segundo a Merril Lynch, apenas as produtoras americanas de etanol de milho obtiveram margens positivas no período, graças aos subsídios do governo. "Nós acreditamos que a maioria das usinas em torno do mundo precisará que o petróleo suba acima de 60 dólares por barril para que possa se sustentar sem ajuda do governo", afirma a instituição.

A falta de crédito nos últimos meses para o setor colocou as empresas em situação delicada. Muitas delas se viram obrigadas a fechar plantas e a lutar contra a falência.

(Exame, 09/03/2009)


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