Mais de 600 autointitulados céticos do clima irão se encontrar em um hotel na Times Square esta semana para desafiar a ideia que se tornou um amplo consenso científico: que sem grandes mudanças nas escolhas energéticas, os humanos irão perigosamente aquecer o planeta.
A Conferência Internacional sobre a Mudança Climática de três dias, organizada pelo Instituto Heartland, um grupo sem fins lucrativos que busca desregulamentar e liberar os mercados, reunirá figuras políticas, ativistas conservadores, cientistas, um astronauta da Apollo e o presidente da República Tcheca, Vaclav Klaus.
Os organizadores dizem que as discussões, que tiveram início no domingo, buscam contrapor a gestão Obama e os legisladores democratas, que prometeram lidar com o aquecimento global com leis que exigem cortes na emissão dos gases causadores do efeito estufa que segundo os cientistas tem elos com o aumento na temperatura.
Os participantes da reunião têm uma grande variedade de opiniões sobre a ciência do clima. Alguns concedem que os humanos provavelmente contribuíram para o aquecimento global, mas argumentam que a mudança na temperatura não apresenta risco urgente. Outros atribuem o aquecimento, juntamente com temperaturas mais frias nos últimos anos, a mudanças solares ou nos ciclos dos oceanos.
Mas grandes corporações como a Exxon Mobil, que no passado financiou o Instituto Heartland e outros grupos que desafiaram o consenso climático, reduziram seu apoio. Joseph L. Bast, presidente do Instituto Heartland, disse que a Exxon e outras companhias mudaram de posição simplesmente para melhorar sua imagem.
Os organizadores esperam superar a participação de cerca de 500 pessoas na primeira conferência, que aconteceu no ano passado. Entre os oradores está Klaus e Harrison Schmitt, um geólogo, astronauta da Apollo e ex-senador. No centro da reunião de 2008 estava o lançamento de um relatório, "Nature, Not Human Activity, Rules the Planet" (A Natureza, e Não a Atividade Humana, Controla o Planeta, em tradução livre). O documento foi criado para contrapor o relatório do Painel Intergovernamental da ONU sobre a Mudança Climática.
Este ano, a reunião irá se concentrar em uma questão mais sútil: "Aquecimento global: houve mesmo uma crise?" A maioria das palestras durante o encontro irá desafiar a ortodoxia do clima. Mas alguns oradores, inclusive algumas figuras proeminentes que vocalizaram suas críticas no passado, dizem que também irão pedir que seus colegas sincronizem argumentos contra os planos de redução das emissões dos gases causadores do efeito estufa.
(Por ANDREW C. REVKIN, The New York Times, Ultimo Segundo, 09/03/2009)