Prefeito e fazendeiros devem se reunir hoje com o IncraAutoridades e produtores rurais se uniram para impedir que o Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) tente se estabelecer em Jaguarão, na zona sul do Estado. Hoje eles pretendem alertar a superintendência do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) que o município não tem condições de assentar famílias de sem terra.
Na quarta-feira, cerca de 50 integrantes do MST acamparam numa chácara do bairro Bela Vista, a um quilômetro do centro de Jaguarão. A suposição era de que eles chegaram contando com o apoio da atual administração. No entanto, o prefeito José Cláudio Ferreira Martins e o vice, Fred Nunes, ambos do PT, estão advertindo, desde o início, que não podem acolher os colonos.
– Não somos contra a reforma agrária, mas em Jaguarão é inviável. A nossa infraestrutura rural é muito precária – repetiu ontem Fred Nunes, qualificando o acampamento de “inconveniente”.
Para evitar que o acampamento se prolongue, os administradores e o Sindicato Rural de Jaguarão pediram uma audiência com a superintendência do Incra, hoje, na Capital. Vão argumentar que o município não dispõe de serviços de saúde, educação e abastecimento de água para receber assentados.
Fred Nunes adiantou que a comitiva também perguntará ao Incra se há planos de vistoriar propriedades rurais em Jaguarão. Disse que a prefeitura estaria disposta, se houver ajuda do governo federal, a oferecer alternativas para as famílias do município que sobrevivem da coleta de lixo reciclável. Algumas estão no acampamento do MST.
– Seria um projeto mais urbano, como ocorreu em Bagé, mais para os que não têm emprego – sugeriu Nunes.
O vice-presidente do Sindicato Rural, João Alberto Dutra Silveira, elogiou a prefeitura. Disse que os produtores rurais confiam no prefeito e no vice.
– Sabíamos que eles não dariam cobertura ao MST – observou Silveira, ex-prefeito de Jaguarão.
Vindos de bases do MST de Piratini e Arroio Grande, os acampados estão numa chácara de cinco hectares, cedida por um morador identificado pela BM como Pedro Luiz Duarte da Silva, simpatizante da reforma agrária. Eles proibiram a entrada até mesmo para o prefeito, o vice e policiais militares.
A BM está monitorando o acampamento e o movimento de veículos e pessoas na cidade. O grupo aumentou ontem para 70 manifestantes. Havia a expectativa de que os colonos e desempregados pudessem fazer um protesto pela cidade, aproveitando o Dia da Mulher, mas eles ficaram na chácara.
(Zero Hora, 09/03/2009)