Quando ambientalistas alertavam que os danos causados aos recursos naturais mais cedo ou mais tarde interfeririam negativamente na dinâmica do ciclo natural da biodiversidade, eram criticados como alarmistas, enquanto agora são renomados cientistas de todo mundo e a ONU que o fazem.

Nicholas Stern, um ex-diretor do Banco Mundial, contratado pelo governo inglês para estudar uma saída para o aquecimento global, entregou ao então primeiro-ministro Tony Blair um assustador relatório afirmando que, se fosse destinado 1% do PIB mundial para conter as emissões de gases efeito estufa agora, não seria preciso destinar 20% em 2020, por exemplo.

Al Gore, que com “Uma verdade inconveniente” conquistou um cobiçado Nobel, e Leonardo Di Caprio, com ‘’A última hora’’, são incontestáveis quando apontam o derretimento das geleiras e estatísticas comprovando uma maior frequência e intensidade de fenômenos naturais no planeta Terra nas últimas décadas.

E aqui em território catarinense? Vejamos: a planície litorânea entre a bacia do Rio Mampituba (extremo-sul) e a do Vale do Itajaí tem ao longo de sua história recente apresentado uma série de tragédias resultantes de violentas enchentes.

A enchente de 1974 na bacia do Tubarão e região, com mais de 250 mortos (talvez a maior do Brasil!); em 1983/1984, no Vale do Itajaí, com mais de 120 mortos; no Natal de 1995, em Timbé do Sul, na bacia do Araranguá, com 29 mortos em apenas numa noite; finalizando com a tragédia do Vale do Itajaí (Blumenau) em novembro de 2008, com mais de 130 mortos.

Observe-se que nesta mesma região, entre o Oceano Atlântico e as encostas da Serra Geral, ocorreram tornados, ciclones extratropicais, estiagens e o inédito furacão Catarina, ou seja, aqui já estão acontecendo as adversidades e mudanças climáticas!

Daí a urgente necessidade de investimentos em profundos estudos para que sejam imediatamente adotadas medidas preventivas e formas de adaptação junto à população afetada.

(Por Tadeu Santos, Diário Catarinense, 09/03/2009)

* Tadeu Santos é ambientalista de Araranguá (SC) e conselheiro do Conama