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lixo nas cidades
2009-03-07
Capital da Espanha decidiu cobrar multas pesadas dos infratores

Ruas cheias de garrafas quebradas, baganas de cigarro misturados à areia de parques infantis e o amanhecer dos domingos cheirando a urina e fezes de cachorro – Madri não é um modelo de cidade limpa. Na semana passada, a Câmara de Vereadores decidiu não confiar mais na consciência ambiental – nem na educação – dos moradores e transeuntes da capital da Espanha: para resolver o problema, convocou a polícia.

Em breve, haverá cerca de 300 agentes patrulhando as vias madrilenhas à procura de quem estiver poluindo a cidade – e as multas para os infratores serão bem salgadas (veja quadro).

A medida aprovada pelos vereadores determinou, por exemplo, que donos de cães que resolverem não recolher a sujeira que o bichinho deixou para trás terão de pagar até 1,5 mil euros (R$ 4,5 mil) como punição.

Para os pichadores, será ainda pior: de 3 mil euros, quando a pessoa for flagrada pela primeira vez, a 6 mil euros, se ela for reincidente. Jogar lixo nas ruas pode render multa de 750 euros (R$ 2,2 mil), a mesma de quem não separar o lixo seco do orgânico.

– O objetivo é defender os direitos da maioria, que paga muito dinheiro para viver em uma cidade limpa e segura – explica a mulher do ex-premier espanhol José María Aznar, Ana Botella, vereadora à frente da iniciativa.

Cansados de ter de desviar da sujeira e de prender a respiração ao circular pela capital, muitos madrilenhos acreditam que estava na hora de surgir alguma medida desse tipo. Os maiores apoiadores são os pais de crianças pequenas. Boa parte dos parques infantis no centro de Madri ficam em praças públicas cercadas de bares, que lotam à noite. Pela manhã, não é pouco o lixo encontrado em meio a balanços e gangorras.

Os “detetives do lixo” poderão abordar um cidadão para revistar o saco em que estão os resíduos. Caso haja uma irregularidade, ele poderá ser multado no ato. Ainda assim, o mais frequente será buscar, em um saco de lixo encontrado sem dono, pistas para localizar o responsável, como cartas ou recibos, para depois aplicar a multa.

Para alguns, porém, os vereadores foram longe demais. Eles argumentam, por exemplo, que a multa de 750 euros que será aplicada a qualquer um que for pego revirando lixeiras tem como alvo os mais pobres, em um momento em que a economia do país está em dificuldades. Críticos também alegam que vasculhar o lixo dos moradores seria invasão de privacidade.

(Zero Hora, 07/03/2009)

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