"Isso (a represa) somaria um novo fechamento ao rio, um novo problema que afeta a biodiversidade do litoral do rio e da floresta", disse.
Crosta ressaltou que o curso do rio Iguaçu já está afetado pelas sete represas construídas pelo Brasil -cinco para gerar energia e duas para irrigação.
O administrador do parque nacional argentino explicou que o leito do rio tem altas e baixas no nível de água "muito frequentes, inclusive diárias".
"Há dias em que chegamos para abrir o parque e não podemos autorizar o cruzamento de turistas de bote à ilha San Martín porque o nível de água está ou muito baixo ou muito alto. Antes de haver tantas represas, não havia este tipo de problema, porque o rio seguia seu curso natural, que variava pelas chuvas", lamentou.
Em janeiro, o embaixador argentino em Brasília, Juan Pablo Lohle, enviou ao Governo brasileiro um pedido de relatórios sobre o projeto para a construção da hidrelétrica Baixo Iguaçu, segundo a edição de hoje do jornal "La Nación", de Buenos Aires.
O dique da represa ficará cerca de 90 quilômetros acima das Cataratas, patrimônio natural protegido por dois parques naturais, um do Brasil e outro da Argentina, e destino turístico que somente no ano passado foi visitado por mais de 1 milhão de pessoas.
A represa começará a ser construída em seis meses pela Neoenergia, em Leônidas Marques (PR) e tem previsão para ficar pronta em 2011.
O local da represa no projeto original estava cerca de 200 metros além do limite exterior do Parque Nacional de Foz do Iguaçu, motivo pelo qual o Governo brasileiro precisou modificá-lo para que o dique seja construído em uma zona mais afastada da reserva.
O Brasil não é obrigado a pedir autorização à Argentina para este projeto, já que não existem convênios bilaterais sobre o uso partilhado do rio Iguaçu, cujos últimos 100 quilômetros antes de sua desembocadura no Rio Paraná marcam a fronteira dos dois países.
(EFE,
UOL, 06/03/2009)