Sempre que Zero Hora publica uma reportagem sobre causas ou efeitos do aquecimento global, pode contar: no dia seguinte, haverá mensagens acaloradas nas nossas caixas de e-mail com reclamações de leitores. No geral, dizem que é um absurdo dar tanta atenção a essa “balela” de mudanças climáticas. É comum ler, nesses e-mails, a frase que entrou na rotina de um grupo grande de pessoas: “Sou um dos céticos”.
Céticos ou não, muitas vezes perdemos no meio da discussão, geralmente raivosa, o principal motivo de tudo isso: preservar o ambiente e nossos recursos naturais, para que o nosso planeta tenha um futuro – mais quente ou mais frio, não importa. É muito blablablá e pouca ação de verdade, dos dois lados.
A questão é: se um dia conseguirem provar que o aquecimento global não existe, o fato de termos emitido menos dióxido de carbono (CO2) na atmosfera terá sido prejudicial à natureza? Nem um pouco. Mesmo que essa medida não tenha colaborado para diminuir a suposta elevação da temperatura da Terra, com certeza deu uma trégua a alguns pulmões sofridos com a poluição. E a mesma lógica se aplica, por exemplo, ao uso de energias limpas. O petróleo vai acabar, o ar das cidades sofre com as consequências da industrialização desenfreada (isso sim, indiscutível), por que não investir nessas tecnologias?
Não importa quem está com a razão. A verdade é que nos dois lados há gente séria, que apenas discorda em alguns pontos. O que não dá para permitir é que essas discordâncias nos deem uma desculpa para não agir. O mundo pode não estar derretendo até acabar, como alguns dizem, mas qual é o mal de deixá-lo mais agradável de se viver?
(Por Priscila de Martini, Zero Hora, 06/03/2009)