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mau cheiro lixo nas cidades
2009-03-06

Quem desce a Rua Marfisa Franco Rosa, no Núcleo Habitacional Tancredo Neves, região oeste de Santa Maria, tem a impressão de estar passando por um lugar tranquilo e agradável de se morar. E seria, não fosse o mau hábito de algumas pessoas de jogar lixo na sanga que cruza sob a via.

Aliás, lixo, entulho de construção civil, móveis, utensílios e colchões velhos. Além disso, a vegetação serve de cemitério de animais. O depósito fica as margens da sanga e em terreno ao lado da Estação de Bombeamento da Esgoto da Corsan.

Cansados de aguentar o mau-cheiro, a proliferação de insetos, roedores e répteis, na manhã de ontem, os moradores do entorno do local usaram os próprios resíduos deixados na área para bloquear a rua.

Segundo a dona de casa Cristiana dos Santos, 33 anos, carroceiros e fretistas usam o lugar como depósitos de detritos. Ela conta que eles deixam o material à noite quando é mais difícil de serem identificados.

Mas, conforme um outro casal de vizinhos, Elenice, 43, e Rogério Wulf, 50, alguns nem se preocupam mais em não serem vistos. “Eles já vêm a qualquer hora”, diz Elenice. “Perdi a conta das vezes que meu marido teve que levantar a noite para enterrar animais largados ali”, comenta.

Ela conta que os moradores pediram o cercamento da área ao presidente da Associação Comunitária. “Ele disse que precisava de dinheiro e a entidade não tinha”.

“Minha esposa recolhia o lixo que deixavam na margem todos os dias, até que ela cansou. Mesmo assim, brigamos quando vemos alguém colocando”, relata o vidraceiro.

Represália - Elizabete Fátima de Souza Dutra, 48, há dois anos sofre os efeitos do descaso. Mas, após diversas tentativas frustradas, ela ainda tem força para protestar. A balconista era uma das moradoras mais indignadas com a situação. “Chamei a Brigada Militar (BM) várias vezes, mas informaram que não era atribuição deles”, relata.

Caso de polícia deveria ser as represálias que Elizabete diz ter sofrido por se manifestar. “Apedrejaram minha casa e fizeram sinais obscenos”, conta.

Os moradores também são atingidos com alagamentos, já que o lixo faz a sanga transbordar quando chove e a passagem pela rua, que é trajeto do transporte coletivo, fica difícil. Pelo menos ontem pela manhã os ônibus tiveram que desviar o trecho.

Vida - Sob os detritos, na pouca água existente na sanga, ainda há vida, segundo Elizabete. Ela lembra que, em janeiro, após uma forte chuva encontrou três tartarugas sobre a rua. “Cuidei delas e depois devolvi na água”.

Proteção Ambiental vai verificar
“Uma equipe da Secretaria vai ao local ainda hoje (ontem) à tarde”, garantiu o secretário de Proteção Ambiental, Júlio Francisco Beck Rasquin. Segundo ele, os servidores vão verificar e tentar apurar quem está deixando lixo na área. Se encontrados, os responsáveis serão notificados.

Às margens da sanga, uma placa afixada numa árvore divulga um telefone para denúncias 225 3503. Mesmo adicionando o dígito 3 na frente do número, a ligação não chega a Secretaria. A Razão ligou e descobriu que há mais de uma ano o telefone é residencial e pertence a um jovem. Ele diz já ter recebido ligações de diversas pessoas a procura da Proteção Ambiental.

Normalmente, conforme informações obtidas junto a Secretaria, as denúncias devem ser ‘formais’, ou seja, feitas pessoalmente no setor. Um servidor, que prefere não ter o nome divulgado, diz que não são aceitas denúncias por telefone e que a placa serve para que as pessoas comuniquem a secretaria.

Quanto a limpeza da sanga, Rasquin diz que vai esperar o relatório da equipe para definir que ações deverão ser tomadas. “Quando é um problema maior, também pedimos apoio da Secretaria de Obras para fazer a retirada de materiais”, explica.

O secretário pede que a população ajude a cuidar do meio ambiente. “Uma cidade cultura não pode mais conviver com casos como esse”, lamenta. E ele conclui “Não vou me omitir em tomar uma providência”, afirma.

(A Razão, 06/03/2009)


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