A indústria deveria ser a principal fonte de financiamento para um fundo climático destinado a persuadir os países mais pobres a aderir, em Dezembro em Copenhaga, ao sucessor do Protocolo de Quioto sobre alterações climáticas. Esta posição deverá ser defendida pelos ministros europeus das Finanças numa reunião a 10 de Março.
A proposta de declaração dos ministros, que poderá ser alterada durante a reunião ministerial, considera ainda que não se devem criar novos mecanismos para combater as alterações climáticas, posição contrária à da comunidade ambientalista.
O sucesso da conferência de Copenhaga - que deverá encontrar um sucessor para Quioto, de 1997 e que expira em 2012 – dependerá muito da capacidade para reunir financiamento suficiente para convencer as nações mais pobres a ajudar a resolver o problema.
Estes responsabilizam os países ricos pelo aquecimento global e acusam-nos de não fazer o suficiente para ajudá-los a adaptarem-se às consequências. Por exemplo criando culturas resistentes à seca ou inundações e construindo barreiras para os defender da subida do nível do mar.
A Europa e os Estados Unidos são considerados os maiores doadores e a União Europeia está neste momento a debater a dimensão e as fontes da sua contribuição. “O Conselho reconhece que o apoio financeiro internacional é crucial para conseguirmos um acordo ambicioso em Copenhaga”, pode ler-se na declaração dos ministros das Finanças a que a Reuters teve hoje acesso.
“O Conselho salienta que no financiamento de acções de mitigação e adaptação, os financiamentos privados serão, através de políticas adequadas, a principal fonte dos investimentos necessários”, acrescenta o documento. Isto implicaria que a União Europeia estará a enveredar por um caminho em que adoptará um sistema relacionado com o mercado de emissões em vez das contribuições dos Governos, ponderadas pelos ministros do Ambiente na segunda-feira.
Mecanismos actuais
“O Conselho salienta o importante papel dos mecanismos financeiros existentes e defende que a criação de novos instrumentos deverá ser ponderada cuidadosamente, tendo em atenção as suas mais-valias em relação às estruturas já existentes”, acrescenta o documento.
Joris den Blanken, da organização ecologista internacional Greenpeace, comentou que os ministros das Finanças não devem pôr de lado novos mecanismos de financiamento. “Isto é muito preocupante porque os mecanismos existentes já provaram ser insuficientes”.
A União Europeia escusou-se a dizer com quanto poderá contribuir para ajudar os países mais pobres mas adianta que o investimento global para combater as alterações climáticas precisará de aumentar até aos 175 mil milhões de euros por ano, em 2020. Desse montante, 90 mil milhões será destinado aos países em desenvolvimento, defende o documento a ser debatido a 10 de Março.
Actualmente, o Fundo de Adaptação das Nações Unidas conta apenas com 50 milhões de euros, aquém do que as nações mais pobres afirmam ser necessário se as temperaturas subirem. De acordo com as previsões da ONU, o fundo poderá chegar aos 300 milhões de dólares (239 milhões de euros).
Na última conferência climática da ONU, em Dezembro na Polónia, os países em desenvolvimento acusaram os países desenvolvidos de bloquearem um acordo relativo a um mecanismo de financiamento que deveria recolher dois mil milhões de dólares (1,5 mil milhões de euros) por ano.
(Ecosfera, 05/03/2009)