Ao receber o ministro holandês dos Transportes, Obras Públicas e Águas, Camiel Eurlings, e 50 empresários holandeses, no Palácio Piratini, dia 3, a governadora Yeda Crusius afirmou: "As hidrovias são oportunidades de crescimento que desenham o futuro do Rio Grande do Sul."
Está certa ela, mas muita coisa precisa ser feita para que o Estado, que já teve 1.200 km de vias navegáveis e hoje tem apenas 800 km, recupere seus rios, lagoas e portos e colha os frutos do desenvolvimento econômico que os rios oferecem. É preciso fazer como nos vales do Tennessee e do Mississippi, nos Estados Unidos, e na própria Holanda, que transformaram as margens de seus rios em áreas industriais. Além da terra ser abundante e barata, a produção estará à margem do transporte fluvial, que também é mais barato. Com um programa deste tipo - ocupação das margens dos rios - será possível criar novas indústrias, atrair novas empresas, gerando riqueza e desenvolvimento para mais de 60 municípios, além de alavancar o transporte multimodal, consorciando trem, caminhão e barco.
O primeiro passo da governadora, além, é claro, de criar o programa de industrialização das margens das hidrovias, deverá ser transferir do governo federal para o estadual a decisão sobre a ocupação e uso destes espaços. É impossível instalar empresas às margens dos rios enquanto a decisão continuar com a União, demorada e burocratizada. Um exemplo absurdo desta situação é o porto de Estrela, aqui pertinho de Porto Alegre, que passou muitos anos sob a jurisdição da Doca de Santos, em São Paulo, e, agora, depende de uma empresa lá do Maranhão! O ideal, como já sugeriu Wilen Mantelli, da Associação Brasileira dos Terminais Portuários, é entregar a decisão sobre a ocupação das margens dos nossos rios e o controle de vias e portos à Agergs, a agência reguladora estadual de transportes. Com indústrias e empresas às margens dos rios, ao lado do transporte barato, as hidrovias desenharão o futuro do Rio Grande como quer nossa governadora. Os holandeses já compreenderam isso.
(Por Danilo Ucha, Jornal do Comércio, 05/03/2009)