A utilização de animais em espetáculo circenses será debatida no próximo dia 30, em audiência pública na Assembléia Legislativa. O debate, proposto pelo Instituto Organização e Consciência Ambiental (Orca) e Sociedade Mundial de Proteção Animal (WSPA), foi aprovado nesta terça-feira (3). A intenção é implantar o “Circo Legal”, já utilizado em diversos estados do País.
Segundo os ambientalistas, o objetivo é propor uma mudança cultural entre os capixabas. Para eles, é necessário que a população discuta e conheça a realidade dos circos que não trabalham mais com animais, para saber que a medida não acarretaria na falência do mercado.
“Queremos propor o Circo Legal, ou seja, sem o uso de animais. Isso já existe em diversas partes do País, onde é proibido o uso de animais. Para chegar ao comportamento que vemos no circo, os animais passam um processo desde a separação da mãe, até coisas cruéis. Isso deveria ser banido no mundo todo”, ressaltou Lupércio de Araujo, do Instituto Orca.
A proposta de discutir o assunto em uma audiência pública foi protocolada na Assembléia Legislativa há dois meses e apresentada pelo deputado Dr. Hércules (PMDB) nesta terça-feira (3), na reunião da Comissão de Meio Ambiente da Assembléia Legislativa.
Entre as reclamações devido ao uso de animais em circos, está a de que um animal selvagem é diferente de um animal doméstico, portanto, ensiná-lo a sentar ou ficar em pé com as patas traseiras, por exemplo, requer um treinamento duro. Além de serem separados de suas famílias e transportados, em sua maioria, de modo inadequado, para treinar os animais, são utilizados bastões pontiagudos de ferro para ferir o animal conforme registrado no site http://www.petatv.com/tvpopup/Prefs.asp?video=carson_barnes_long). O uso desses animais em espetáculos também alimenta o tráfico de animais silvestres no mundo.
Outra denúncia que pesa contra a prática é serrar dentes e garras para facilitar o treinamento. Neste contexto, os animais são privados de seus instintos e obrigados a viver em recintos minúsculos, submetidos ao calor, estresse e ao barulho.
“Um elefante, por exemplo, é um animal que vive em grupos familiares por dezenas de anos, tem padrões complexos de comunicação, e anda cerca de 40 km por dia... que vida em circo chega sequer perto da vida natural desses animais?”, diz o artigo a favor do “Circo Legal”, assinado pelo Peta, entidade internacional de proteção aos animais.
No Brasil, 30 municípios e quatro estados já proíbem a apresentação de animais em circos. Nesse contexto, ambientalistas capixabas ressaltam a importância de se debater o problema.
A audiência será realizada dia 30, às 19horas, no Plenário “Dirceu Cardoso”, na Assembléia Legislativa, em Vitória.
Fazem parte da Comissão os deputados Reginaldo Almeida (PSC), presidente; Luciano Pereira (PSB), vice-presidente; Doutor Hércules Silveira (PMDB), Paulo Roberto (PMN) e Da Vitória (PDT).
(Por Flavia Bernardes,
Século Dário, 05/03/2009)