Ao participar da abertura da 9ª edição da Expoagro, em Rio Pardo, o presidente da Assembleia gaúcha destacou a importância da agricultura familiar e da diversificação de culturas para a melhoria da renda e manutenção da população rural. Segundo Ivar Pavan (PT), quando se observa o mercado real, existem mecanismos eficientes para enfrentar crises como a que está se abatendo sobre as economias em todo o mundo. “O agricultor familiar se deu conta de que renda vinda apenas da monocultura, no momento de uma eventual crise, é sinônimo de falência da propriedade, e a diversidade de produtos com a tecnologia adequada à vocação de sua propriedade, permite que ele sobreviva e que a região se desenvolva melhor dentro de uma economia sustentável", disse.
Pavan lamenta que as universidades tenham pesquisado pouco para pensar na adequação da agricultura com a vocação da pequena propriedade, por entender esse modelo responsável pela maior parte da produção de carnes, leite, milho, feijão, fumo e outros. “Obviamente, a empresa rural não pode ser desprezada no Brasil pelo potencial que tem e pela quantidade de produção, mas precisamos ter cada vez mais políticas públicas focadas no desenvolvimento da agricultura familiar”, entende. “Esta políticas públicas devem vir acompanhadas de qualificação profissional do próprio agricultor”.
Considerada uma das maiores feiras agrícolas voltada à agricultura familiar do País, a Expoagro apresenta mostras das mais recentes pesquisas e equipamentos na área da produção rural. Nos últimos anos, tem apresentado possibilidades de inserção na área do biodiesel, irrigação e fruticultura, para incentivar à diversificação da produção. Neste ano, cerca de 270 expositores de produtos, serviços, máquinas e lavouras demonstrativas participam da mostra, promovida pela Associação dos Fumicultores do Brasil (Afubra) nos 20 hectares do Parque de Exposições de Rincão Del Rey.
Participaram da abertura a governadora Yeda Crusius; o representante do Ministério do Desenvolvimento Agrário; os deputados estaduais Heitor Schuch (PSB), Marquinho Lang (DEM), Nelson Marchezan Jr. (PSDB) e Edson Brum (PMDB); os prefeitos dos municípios de Santa Cruz e Rio Pardo; os secretários de Estado da Agricultura, da Irrigação, da Segurança e do Meio Ambiente; os presidentes da Famurs, Fetag, Farsul, Fepagro e Emater/RS, entre outras autoridades. A feira prossegue até o dia 6 de março.
AcessoO presidente da Assembleia Legislativa disse, durante o evento, que hoje o agricultor rural conquistou uma série de mecanismos e instrumentos para o desenvolvimento da pequena propriedade rural. Segundo ele, as cooperativas de crédito e produção, as agroindústrias, contribuem para que o agricultor possa assumir todo o processo de produção à industrialização e a busca de mercado. “Evidentemente que precisamos mais universidades pensando isto, produzindo conhecimento para desenvolver este importante setor da economia gaúcha e brasileira”.
O tema da diversificação é um dos mais atuais no meio rural. Atualmente, cada vez mais os proprietários de terras, sejam pequenos ou grandes, sentem a necessidade de deixar de lado a monocultura para se dedicar à policultura. Segundo dados de publicações regionais, os motivos vão desde as mudanças climáticas até os preços dos insumos e o valor do produto. Propriedades diversificadas e que contam ainda com a agricultura e pecuária de subsistência, têm mais condições de oferecer melhor padrão de vida aos produtores e, consequentemente, ser um atrativo para que o jovem permaneça no meio rural.
DiversificaçãoSegundo o presidente da Afubra, Benício Werner, se no ano passado os produtores estavam preocupados com o preço dos insumos, este ano a preocupação está na exigência legal de preservar 20% da área como reserva legal. “Temos ações permanentes de preservação, toda cultura capta carbono da atmosfera”, lembra Werner. “Os agricultores não podem suportar as sanções previstas”.
Os vales do Rio Pardo e Taquari vêm experimentando um incremento na produção de biodiesel a partir do cultivo de girassol, integrado com a alimentação humana (mel e óleo) e animal (torta), sob forma de pesquisa, e o florestamento das propriedades para fins econômicos. Os projetos são desenvolvidos com recursos do Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA), através do Programa de Apoio à Diversificação Produtiva em Áreas Cultivadas com Tabaco. Culturas como a cana-de-açúcar, mandioca, batata doce e sorgo também estão servindo para experiências na produção de álcool combusítvel.
"Com a globalização e a mudança de regras e exigências, a produção de alimentos no Brasil caminha a passos largos para o desenvolvimento sustentável e a segurança alimentar", resumiu Nilton Pinho de Bem, do MDA.
(AL RS, 05/03/2009)