Plantas, animais e peixes da Amazônia podem estar correndo risco de extinção sem que a causa do problema esteja diretamente ligada à destruição do seu ecossistema. “Muitas espécies estão ameaçadas pela diminuição de sua variabilidade genética, por viverem isoladas em bolsões”, alerta a bióloga Vera Maria Almeida Val, pesquisadora do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA). “É a chamada erosão genética, tão perigosa quanto a destruição de um ecossistema, mas mais lenta”, diz a pesquisadora que falará sobre esse assunto durante a Reunião Regional da SBPC em Tabatinga – evento que a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência promove de 17 a 20 de março em Tabatinga (AM).
Segunda a pesquisadora, uma estrada que corta uma floresta ou um lago que se forma separado do fluxo de um rio podem parecer inofensivos para a sobrevivência das espécies desses ecossistemas, mas não são. “Quando se criam ‘bolsões’ em ecossistemas há um aumento de consanguinidade entre as espécies, o que diminuí sua capacidade de adaptação e eleva o risco de extinção”, explica. “Qualquer fator que bloqueie o fluxo gênico de uma espécie pode levar à erosão genética”.
Especialista em ecofisiologia de peixes, a pesquisadora conta que o INPA e outras instituições de ensino superior da Amazônia vêm realizando diversas pesquisas com peixes comerciais da Amazônia para avaliar a erosão genética em algumas espécies. Algumas delas, como o Tambaqui e o Pirarucu, podem não ser tão afetadas por pertencerem a uma população com o mesmo fluxo gênico. Outras, como o Tucunaré, que apresentam menor variabilidade genética, são mais suscetíveis. “Já há evidências de que a população do Tucunaré está diminuindo, e tudo indica que a causa está relacionada à erosão genética”, ressalta.
A palestra “Erosão genética na Amazônia: causas e consequências”, a ser proferida pela bióloga Vera Maria Almeida Val, será realizada no dia 19 de março, às 10h30. Mais informações e inscrições no site: http://www.sbpcnet.org.br/tabatinga/
(
Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, 04/03/2009)