Recifes de corais por todo o mundo estão ameaçados. Em algumas regiões, o crescimento populacional é o maior culpado. Um maior número de pessoas pode levar à sobrepesca em áreas de recifes, capaz de deflagrar vários problemas ecológicos.
Porém, não é tão simples assim, de acordo com um estudo de Joshua E. Cinner, da Universidade James Cook, da Austrália, e colegas. Usando dados de milhares de pesquisas residenciais no Quênia, em Madagascar e três outros países do Oceano Índico oeste, os pesquisadores descobriram que o impacto sobre os recifes variava de acordo com o status socioeconômico das comunidades próximas.
Cinner contou que o estudo, publicado no "Current Biology", representa um esforço em integrar a ciência social à pesquisa sobre os problemas enfrentados pelos recifes de corais. Afinal, disse ele, "você administra pessoas; não se administra peixes."
O estudo descobriu que a sobrepesca era pior em áreas de desenvolvimento moderado. Entre outros fatores, comunidades mais pobres não possuem tecnologia – o acesso a barcos motorizados e arpões, por exemplo – para esgotar seriamente seus recifes locais, enquanto as comunidades mais ricas conseguem obter seus peixes de outros lugares. No entanto, em comunidades parcialmente acima na escada de desenvolvimento, as pessoas têm acesso à tecnologia necessária, e as instituições locais que servem para impor limites à atividade pesqueira muitas vezes já desapareceram.
Cinner afirmou que a descoberta de que a sobrepesca não era um problema tão grande entre as comunidades mais pobres foi motivo para certo otimismo, pois mostrou que uma "trajetória social de declínio não é algo determinado." Mesmo que o crescimento econômico para retirar as pessoas da pobreza seja importante, ele acrescentou, "você também precisa de boas diretivas."
(G1, AmbienteBrasil, 04/03/2009)