O nome "Indonésia" não significa "Terra do Fogo" – apenas parece ser dessa forma. Queimadas de biomassa relacionadas a limpezas de terra para agricultura acontecem o ano todo, particularmente no verão e no outono. Os incêndios tendem a ocorrer continuadamente por meses, devido ao solo cheio de turfa.
Em anos de seca, o impacto pode ser especialmente devastador. Um "desastre esfumaçado" causado pelos incêndios em 1997 e 98 levou à morte de centenas de pessoas e causou doenças respiratórias em outras dezenas de milhares.
No entanto, um estudo na publicação "Nature Geoscience" sugere que, embora a seca possa levar às piores incidências do fogo, o uso das terras e a densidade populacional também têm sua parcela de culpa.
Dados de monitoramento de incêndios não estão disponíveis antes da década de 1990, então Robert D. Field, da Universidade de Toronto, e colegas, optaram por usar registros de visibilidade de aeroportos de 1960 a 2006. Conforme esperado, eles descobriram que sérios eventos de queimadas ocorriam nos anos em que as chuvas estavam abaixo de certo nível.
Porém, eles também descobriram uma diferença no registro de incêndios entre a ilha de Sumatra e Kalimantan, a parte indonésia de Bornéu. Incêndios graves ocorreram desde a década de 1960 (e possivelmente antes) em Sumatra, mas somente desde 1980 em Kalimantan – mesmo as duas regiões tendo enfrentado as mesmas secas.
Os pesquisadores apontam que, historicamente, Sumatra tinha densidades populacionais muito maiores que Kalimantan, e que o crescimento populacional se acelerou em Sumatra nas décadas de 60 e 70. O crescimento não decolou em Kalimantan até os anos 80. Juntamente a políticas governamentais que sancionaram uma troca do cultivo em pequena escala pelo grande agronegócio, as mudanças em Kalimantan pioraram a situação dos incêndios nas últimas décadas.
(G1, AmbienteBrasil, 04/03/2009)