Até recentemente, a ideia de que as mais poderosas nações do mundo se uniriam para combater o aquecimento global parecia um sonho dos ambientalistas. O Protocolo de Kioto, assinado em 1997, foi amplamente considerado como algo falho. Muitos dos países que assinaram o acordo deixaram para trás suas metas de frear as emissões de dióxido de carbono. Os Estados Unidos se recusaram até mesmo a ratificá-lo. E o tratado abriu passagem para os principais países em desenvolvimento emissores, como a China e a Índia.
Mas nessas poucas semanas desde que tomou posse, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, tem mudado radicalmente a equação global, situando o país na vanguarda dos esforços internacionais climáticos e aumentando a esperança de que um efetivo acordo internacional pode ser possível. É o que informa a reportagem de Elisabeth Rosenthal, do New York Times, publicada na edição do GLOBO desta segunda-feira ( acesso à reportagem completa exclusivo para assinantes ). O chefe de negociações climáticas de Obama, Todd Stern, disse na semana passada que o país se envolveria intensamente na negociação de um novo tratado - que deverá ser assinado em Copenhague, em dezembro.
Esse tratado, especialistas envolvidos afirmam, vai se diferencia significativamente do acordo de uma década atrás, indo além da redução das emissões de gases de efeito estufa, incluindo mecanismos financeiros e promovendo assistência técnica para ajudar os países em desenvolvimento a cooperar com as mudanças climáticas.
A percepção de que os EUA estão agora seriamente envolvidos com a questão tem um grande peso em promover uma agitação diplomática pelo mundo.
Esta semana, o principal representante da ONU para questões climáticas, Yvo de Boer, realizará encontros em Washington para discutir o tema. O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, está organizando uma reunião com o alto escalão para falar de clima e energia. Equipes do Reino Unido e da Dinamarca já visitaram a Casa Branca para discutir tais questões. E, na China, a secretária de Estado americana, Hillary Clinton, fez do clima o foco central da sua visita e propôs uma parceria com os Estados Unidos.
(O Globo, 02/03/2009)