A Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) vem realizando pesquisas sobre a viabilidade da produção de etanol a partir de uma espécie diferenciada de mandioca, descoberta no interior do Pará: a mandioca açucarada. O estudo deve terminar em julho.
Segundo a pesquisadora da Embrapa Agroenergia, Sílvia Belém, ao contrário dos outros tipos de mandioca, esta possui glicose em sua fórmula, ao invés de amido. Isso torna disnecessário o processo de sacarificação da mandioca, no qual o amido é transformado em açúcar.
“O diferencial do nosso estudo está justamente no tipo de mandioca, bastante comum na região. A mandioca açucarada é uma variedade que tem sua raiz constituída basicamente de glicose e água, diferentemente da tradicional, formada de amido”, explica.
O fato de ela apresentar um teor elevado de açúcar facilita o processo de produção de etanol. “Isso facilita na etapa de fermentação, uma vez que não é necessário o processo de hidrólise, que se faz necessário na produção de etanol a partir de mandioca tradicional, de amido”, disse.
O estudo desenvolvido por ela ainda está no início e deve terminar no meio do ano. “É prematuro falar em conclusão. Contudo, a pesquisa começou porque, tendo por base o elevado teor de açúcar na raiz da planta, viu-se a possibilidade da produção de etanol a partir dela".
A planta, segundo a pesquisadora, tem um sabor bstante adocicado. “É similar ao de uma fruta, até por ela ter grande quantidade de água em sua constituição. A aparência se assemelha a um abacaxi, inclusive em tonalidade”, informa a pesquisadora.
Silvia explica que o processo de obtenção do etanol a partir desta espécie de mandioca é similar ao da cana, uma vez que as duas matérias-primas são formadas basicamente de açúcar e água. “Já em comparação à mandioca tradicional, o processo a partir mandioca açucarada é mais simples, portanto menos oneroso”, diz.
“A princípio, se for observado a viabilidade desta tecnologia, as principais beneficiadas serão as pessoas que estão em regiões onde não é possível a produção de etanol a partir de cana-de-açúcar, principalmente na região Norte do país, uma vez que esta espécie é nativa de lá”, explica.
Segundo a pesquisadora, já há estudos agronômicos na própria Embrapa, para a adaptação da espécie a outras regiões. “Mas se for observada a viabilidade desta tecnologia para uma difusão em outras regiões, seria necessário primeiramente estudos de adaptação da espécie”.
(Por Pedro Peduzzi,
Agência Brasil, 01/03/2009)