Apesar de ter R$ 48 milhões em caixa, a Operação Urbana Água Branca --responsável por recuperar a região e evitar enchentes na Pompeia, na Barra Funda e em Perdizes-- não resultou em nenhuma obra. Criada em lei de 1995, a operação não saiu do papel e, treze anos depois, carros continuam flutuando em dias de tempestade como se fossem patinhos de borracha.
A tradicional desculpa dos políticos, de que não há dinheiro, não vale para a área. Os R$ 48,2 milhões que a operação têm para gastar em caixa já renderam R$ 9,45 milhões em juros, muito mais do que já foi aplicado em projetos (R$ 1,42 milhões). Não é um caso isolado. As quatro operações urbanas da cidade --Água Branca, Centro, Faria Lima e Água Espraiada-- têm R$ 440,4 milhões para gastar, segundo a prefeitura.
Para especialistas, o paradoxo de ter dinheiro em caixa e não conseguir realizar obras indica que a prefeitura enfrenta problemas de gestão com as operações urbanas. Alguns deles dizem que é um "absurdo" o dinheiro das operações ficar parado quando a cidade precisa de obras.
Outro ladoEm nota, o secretário de Infraestrutura Urbana e Obras da prefeitura, Marcelo Cardinale Branco, diz que não existe "dificuldade em gastar o dinheiro das operações urbanas". De acordo com ele, "boas intervenções precisam de um bom projeto e é o que estamos fazendo".
A existência de recursos em caixa, para Branco, não é um indicador de fracasso. "É necessário vender os títulos quando o mercado está disposto a comprar", afirma a nota.
"Se não tivéssemos vendido títulos das operações urbanas no ano passado [o que gerou esses valores em caixa], certamente não os venderíamos hoje no mesmo volume, com a diminuição da atividade econômica. Nos próximos meses é possível que gastemos mais do que arrecadaremos [porque vários projetos estão sendo concluídos, e as obras, licitadas]."
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Folha online, 28/02/2009)