A Espanha apresentou hoje, em Bruxelas, os resultados de um estudo do Ministério do Ambiente que revela que três por cento da costa do país está preparada para receber equipamentos eólicos marinhos. "Surpreende que, com 10 mil quilómetros de costa e quase um milhão de quilómetros quadrados de superfície marinha, a Espanha seja o segundo produtor de energia eólica do mundo sem qualquer projecto marinho", disse Javier Cachón, o subdirector adjunto da Secretaria de Estado para as Mudanças Climáticas.
O "Estudo Estratégico do Litoral Espanhol" define as zonas em que podem construir-se parques marinhos sem prejuízo ambiental e serve de ferramenta de base para o posterior desenvolvimento de um sistema de concessão de projectos. Para determinar quais as zonas que podem receber estes equipamentos considerou-se aquelas que não invadam um espaço natural protegido, bem como o seu valor turístico e cultural e que não interfiram com o tráfego marítimo e actividade piscatória.
"A nossa plataforma continental é muito estreita, o que faz com que perto da costa a profundidade seja grande e, a partir dos 25 ou 30 metros, não é viável instalar (equipamentos eólicos marinhos), porque os preços da obra de engenharia e da instalação disparam", disse Javier Cachón. A delimitação das áreas preparadas para a instalação destes equipamentos é, para já, um "primeiro passo", uma vez que as empresas interessadas em avançar com estes projectos têm de fazer um "estudo desenvolvido e avançar com um processo administrativo para conseguir a licença de exploração", acrescentou.
De acordo com dados da Comissão Europeia, em 2020, 12 por cento do abastecimento de energia da União Europeia poderá ser de origem eólica e um terço da energia seria produzida pela água do mar. Ac tualmente, a energia eólica serve apenas 3,7 por cento das necesidades eólicas europeias e, do ponto de vista social, o desenvolvimento destas técnicas pode criar mais de 250 mil postos de trabalho para 2030, segundo o vice-presidente da Associação Europeia da Energia Oceânica, Hans Christian Sorensen.
O comissário europeu das Pescas e Política Marítima, Joe Borq, considerou hoje que para que a planificação do espaço marítimo funcione nas zonas partilhadas por dois ou mais países é preciso "uma cooperação transfronteiriça muito forte". A Comissão Europeia estima que os sectores marítimos gerem entre três a cinco por cento do Produto Interno Bruto da Europa.
(Lusa, 26/02/2009)