Países ricos convergiram para metas em torno de 15 por cento nas reduções de suas emissões de gases do efeito estufa até 2020, mas a recessão global pode complicar a adoção de um novo tratado climático da ONU no final deste ano. As reduções de 15 por cento sobre os níveis atuais ficariam aquém da quantidade aconselhada por cientistas, mas analistas dizem que a crise econômica está afetando as ambições dos governos.
"Estamos começando a ver um esboço de alinhamento nos números para os países desenvolvidos", disse Elliot Diringer, do Centro Pew para a Mudança Climática Global, de Washington. "Mas os números não estão à altura do que os cientistas dizem ser necessário", acrescentou. O Painel Climático da ONU diz que até 2020 os países ricos deveriam reduzir suas emissões para níveis 25 a 40 por cento inferiores aos de 1990 para evitar uma piora nas secas, ondas de calor, enchentes e elevação dos níveis dos mares.
Alguns dizem que o custo das reduções seria inferior ao que se teme. "Dentro de certos limites, as medidas se pagarão", disse Markus Amman, do Instituto Internacional de Análises Aplicadas de Sistemas, de Viena. Medidas como o isolamento térmico das casas, por exemplo, acabariam gerando economia de energia. Uma calculadora do instituto, disponível no site http://gains.iiasa.ac.at/MEC/, mostra que um corte de 15 por cento sobre os níveis de 2005 teria impacto mínimo sobre o PIB da maioria dos países ricos.
Entre as metas nacionais, o presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, quer que, até 2020, o país volte às emissões de 1990 (o que exigiria um corte de 14,3 por cento sobre 2007). China e Estados Unidos são os maiores emissores mundiais de carbono. A União Europeia, que desde 1990 já fez mais cortes nas emissões dos que os EUA, pretende chegar a 2020 com um nível 20 por cento inferior ao de 1990, ou 14,2 por cento inferior ao de 2005, segundo a Comissão Europeia.
Também para 2020, a Austrália pretende reduzir suas emissões para níveis 5 a 15 por cento inferiores aos de 2000, e o Canadá quer um corte de 20 por cento sobre os valores de 2006. O Japão promete divulgar metas intermediárias até junho. O ex-premiê Yasuo Fukuda disse no ano passado que uma redução de 14 por cento seria possível até 2020. A Rússia ainda não estabeleceu meta alguma.
Esses cortes estão aquém do que os países em desenvolvimento, liderados por China e Índia, pedem dos países ricos. As nações em desenvolvimento devem reduzir suas emissões a partir de 2020, em vez de realizarem cortes em termos absolutos.
(Por Alister Doyle, Reuters, O Globo, 26/02/2009)