Os defensores da não-proliferação nuclear pediram nesta quinta-feira que a agência de energia atômica da ONU faça uma inspeção "especial" obrigatória na Síria, depois da recusa do país de oferecer acesso voluntário para investigações sobre as alegações de uma atividade atômica clandestina.
O recurso, feito também por um ex-inspetor do alto escalão da Organização das Nações Unidas, veio um dia antes do encontro da Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) no qual a Síria deve ser o principal assunto, dadas novas evidências em um relatório da agência sobre um suposto reator produtor de plutônio.
Na semana passada, um relatório da AIEA apontou que foram encontrados traços de urânio em amostras de solo, o que seria uma descoberta "significativa". Autoridades da ONU também encontraram traços de grafite de uma área em que, segundo os Estados Unidos, a Síria quase chegou a construir um reator antes que um ataque aéreo israelense em 2007 o destruísse.
A Síria insiste que o urânio encontrado veio dos mísseis israelenses que atingiram a região --alegação excluída pela AIEA. Damasco nega que qualquer grafite tenha sido encontrado e sugeriu que as análises da AIEA eram incorretas.
O governo sírio novamente rejeitou os pedidos da AIEA por documentos que provem sua negativa sobre um programa clandestino e para mais visitas a locais que classifica como bases militares convencionais, que vão além da jurisdição da AIEA.
"A AIEA encontrou grandes evidências que apoiam sua acusação (de um reator não-declarado) mas ainda não tem nenhuma prova. A AIEA tem pedido repetidamente à Síria para maior acesso voluntário. A Síria tem repetidamente negado", disseram três grandes especialistas nucleares em carta enviada ao jornal International Herald Tribune.
"É hora da AIEA recorrer ao seu dispositivo de investigativa mais poderoso, a 'inspeção especial', para fazer com que seus pedidos de acesso sejam de atendimento legalmente obrigatório", escreveram.
(Por Mark Heinrich, Reuters, Estadão, 26/02/2009)