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tecnologia solar eficiência energética
2009-02-26
Professores e estudantes da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) e de mais cinco universidades brasileiras estão elaborando o projeto da casa que vai representar o Brasil no Solar Decathlon Europe 2010, que acontecerá em Madri, Espanha, em junho do próximo ano. O evento foi criado em 2002 pelo Departamento de Energia dos Estados Unidos para sensibilizar estudantes, autoridades e a sociedade sobre as vantagens e possibilidades do uso de energias renováveis e das construções energeticamente eficientes.

As três primeiras edições – 2002, 2005 e 2007 – foram realizadas em Washington, e agora, pela primeira vez, a competição chega ao continente europeu. Esta edição marca também a primeira participação brasileira.

De acordo com o professor José Kós, do Departamento de Arquitetura e Urbanismo da UFSC, é intenção do concurso, também, mudar a percepção e aumentar o contato da população com a energia solar, cujo uso não tem impactos sobre o ambiente. "As universidades vêm pesquisando soluções de ponta, porque esse tipo de energia ainda é cara e de eficiência reduzida para ser adotada de forma maciça pelas pessoas", diz ele.

Desde que foi criado, o evento procura fomentar as tecnologias limpas de construção, para que se difundam no mercado. Por tabela, busca-se provocar a indústria do segmento, que luta para reduzir os custos das casas ecologicamente eficientes.

Para o Solar Decathlon Europe 2010, o Consórcio Brasil – formado pela UFSC, USP, UFMG, UFRJ, Unicamp e UFRGS – teve até o final de janeiro para entregar o projeto básico e deve enviar uma equipe a Madri, em maio, para uma reunião preparatória do evento. O projeto definitivo deve estar pronto em setembro, e o plano de operações para a montagem do protótipo precisa ser entregue em março de 2010.

O professor Kós e os cerca de 30 alunos e docentes que participam do consórcio não falam muito sobre o projeto brasileiro, porque ele ainda está em fase de elaboração e pelo cuidado em não abrir informações que podem ser estratégicas para um bom desempenho na competição.

O que eles admitem é que, além da estrutura da casa, os equipamentos devem ser muito eficientes, para otimizar o uso da energia solar. Placas fotovoltaicas e painéis térmicos precisam maximizar a captação da energia, mas o sistema de refrigeração e aquecimento e todos os eletrodomésticos e eletroeletrônicos que ficarão dentro da casa também devem ser os mais eficientes do mercado, para que a relação entre captação e consumo de energia seja o mais equilibrado possível.

É aí que o concurso pode ser decidido entre um e outro concorrente. Por isso, este é um projeto caro (estimado em R$ 5 milhões), razão pela qual o consórcio vem buscando patrocínios e apoios de agências de fomento à pesquisa e da iniciativa privada.

Como nas edições anteriores, as casas ficarão lado a lado, atraindo a atenção dos moradores, turistas, de universitários e de empresas que trabalham com a construção de moradias eficientes do ponto de vista energético.

Os alunos que ajudam a montar o projeto vão operar os equipamentos, fazendo comida, lavando roupa e operando computadores e outros equipamentos que dependem da energia filtrada pelos painéis de captação. A área acondicionada deve ter de 42 a 74 metros quadrados, e qualquer deslize em relação às medidas e a outros requisitos implica na perda de pontos no concurso.

Antes de chegar a esta etapa, foram realizadas competições internas e entre as universidades participantes, para apontar os projetos mais viáveis. A UFSC ficou com o primeiro e o terceiro lugares (neste caso, empatada com a UFRGS), e um projeto da Unicamp ficou na segunda posição. Para José Kós, a parceria entre a Arquitetura e a Engenharia Civil, por meio do Laboratório de Eficiência Energética em Edicaçãoes, coordenado pelo professor Roberto Lamberts, foi fundamental para o êxito da proposta da UFSC.

A partir de junho deste ano, a casa solar brasileira será exposta na Universidade de São Paulo (USP), onde terá grande visibilidade, e é possível que após o concurso de Madri ela seja montada em diferentes capitais brasileiras para que suas vantagens e peculiaridades sejam mostradas a todo o país.

"Para a universidade, este concurso é positivo porque envolve pesquisadores de várias áreas e laboratórios", complementa Kós. "As discussões geradas pelo projeto e o fato de envolver alunos que sairão da instituição com outra visão de construção de residências também é importante. Uma versão mais simples da casa será oferecida depois ao mercado, considerando a realidade brasileira e o público-alvo dessas edificações.

Na itinerância pelo país, em 2010, o projeto terá um caráter pedagógico e educativo, pela proposta ecológica e porque prevê o uso de menos cimento, concreto e tijolos do que as moradias convencionais". Os organizadores estão oferecendo 100 mil euros para cada uma das 20 equipes selecionadas para participar do evento.

Mais informações acerca da participação das universidades brasileiras no concurso podem ser obtidas com o professor José Kos no telefone (48) 9132-3700 e no e-mail josekos@ufrj.br. Sobre o evento, há dados no site www.solardecathlon.org

(Por Paulo Clovis, Agecom, 25/02/2009)

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