A construção da Estação de Tratamento de Esgoto (ETE) de Osório, às margens da Lagoa dos Barros, em Santo Antônio da Patrulha, está gerando muita discussão e desentendimentos entre moradores e administração dos dois municípios. Iniciada em 2007, a obra licenciada pela Fundação Estadual de Proteção Ambiental (Fepam) deve ser concluída em um ano, mas o lançamento dos efluentes na lagoa é questionado por ambientalistas e moradores das áreas ribeirinhas. Um abraço simbólico, em protesto contra a obra, ocorreu no último dia 8.
O prefeito de Santo Antônio da Patrulha, Daiçon Maciel da Silva, afirma que a escolha do local onde os efluentes seriam despejados, a Lagoa dos Barros, foi unilateral. 'Não fomos ouvidos em nenhum momento. A Fepam não respondeu aos nossos questionamentos de forma oficial', garantiu. Segundo ele, quando foi perguntado aos técnicos sobre a possibilidade de utilizar outras lagoas da Bacia do Tramandaí para receber os dejetos, eles teriam apresentado o zoneamento ambiental do Litoral Norte como justificativa para a utilização da Lagoa dos Barros, a única com a profundidade ideal para receber esses efluentes. 'Quando se trata de um projeto como esse e da utilização da Bacia da Lagoa dos Patos, da qual a Lagoa dos Barros faz parte, é necessário audiência pública para discutir o projeto. Em nenhum momento isto ocorreu', denunciou Maciel.
O projeto desenvolvido pela Corsan está orçado em R$ 21,6 milhões, sendo a contrapartida do Executivo de Osório de R$ 3,6 milhões. Os recursos foram disponibilizados pelo Programa de Aceleração do Crescimentos (PAC). 'Foi preciso desocupar uma área de 50 hectares próxima à lagoa, única na região com as especificações técnicas necessárias para receber os efluentes', explicou o prefeito de Osório, Romildo Bolzan Júnior. A presidente da Fepam, Ana Pellini, diz que no conjunto de sete lagoas da região, a dos Barros tem condições ideais para receber os efluentes. Além disso, afirmou que a parcela de 30% do esgoto é jogada in natura na lagoa, devido a ligações clandestinas. 'O projeto busca uma melhor balneabilidade.'
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Correio do Povo, 25/02/2009)