Um grupo muito bem agasalhado de ministros de Meio Ambiente chegou a este canto remoto do continente gelado na segunda-feira, 23, para acompanhar os dias finais de uma temporada de intensos estudos sobre o clima e aprender mais sobre como o derretimento da Antártida pode pôr o restante do planeta em risco.
Representantes de mais de uma dezena de países, incluindo EUA, China, Rússia e Reino Unido, devem se encontrar em uma estação científica norueguesa com cientistas americanos e noruegueses que percorrem o último trecho de uma jornada de 2.300 quilômetros e dois meses sobre o gelo, vindos do Polo Sul.
os visitantes "terão experiência em primeira mão da magnitude colossal do continente antártico e de seu papel na mudança climática global", disse o organizador da missão, o Ministério do Meio Ambiente norueguês. Eles também serão instruídos quanto às grandes incertezas que atingem as pesquisas no continente, e suas ligações com o aquecimento global: qual é o aquecimento da Antártida? Quanto gelo está derretendo? Em quanto isso elevará o nível do mar?
As respostas são tão difíceis que o Painel Intergovernamental para a Mudança Climática (IPCC) excluiu a ameaça do derretimento da calota polar dos cálculos de seu relatório de 2007 sobre a ameaça do aquecimento global. O IPCC previu que o nível do mar poderá subir até 0,59 metro neste século, a partir da expansão térmica das águas e do derretimento do gelo sobre a terra, se o mundo não se esforçar para reduzir as emissões de gases causadores do efeito estufa.
Mas o comitê não levou a Antártida e a Groenlândia em consideração, já que as interações entre ar, oceano e seus enormes depósitos de gelo - 90% de todo o gelo do mundo está na Antártida - ainda não são bem compreendidas. Mas a capa de gelo da Antártida Ocidental, cujas geleiras estão derramando água rapidamente no mar, "pode ser o ponto de virada mais importante deste século", diz o cientista James Hansen, da Nasa. "Há potencial para uma elevação de vários metros no nível do mar".
(AP, Estadão, 23/02/2009)