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incêndios florestais impactos mudança climática
2009-02-20

A mudança climática teve influência nos incêndios que este mês estão arrasando vastas áreas do Estado de Victoria, sudeste do país, os piores já registrados na Austrália. Os especialistas não atribuem estes fenômenos diretamente ao aquecimento global, mas acreditam que a mudança climática agravou a severidade das chamas. “Com relação à temperatura, quando começou o fogo, no dia 7, pode-se dizer que o aumento dos gases causadores do efeito estufa são, em parte responsáveis” pelos incêndios, afirmou o especialista em clima Kevin Hennessy. Mas outros fatores que favorecem os incêndios, como ventos e falta de umidade no ambiente, não são atribuíveis à mudança climática, explicou.

Henessy é o pesquisador principal da equipe de políticas e adaptação ao risco da mudança climática da Organização de Pesquisa Industrial e Cientifica da Confederação (Csiro), a agência nacional de ciências da Austrália. À IPS explicou que os incêndios foram causados pelas temperaturas extremamente altas, pelos intensos ventos e seca registrados no começo do mês. “A ocorrência de incomuns altas temperaturas são parte de uma tendência mundial ao aquecimento, observada pelo menos desde 1950. O consenso internacional é que há altas probabilidades de o fenômeno ser causado pelo aumento dos gases de efeito estufa” emitidos pela atividade humana, disse Hennessy.

O cientista foi coordenador da equipe que redigiu o capitulo sobre Austrália e Nova Zelândia do informe do Painel Intergovernamental de Especialistas sobre Mudança Climática (IPCC) a respeito de consequências, adaptação e vulnerabilidade a esse fenômeno. As temperaturas registradas em muitas partes do Estado de Victoria superaram os 40 graus no último dia 7. Melbourne teve o dia mais quente desde 1855, quando os registros começaram a ser feitos ali, com 46,4 graus. Essa máxima foi precedida por vários dias de temperaturas altas, da ordem de 40 graus no final de janeiro.

Os incêndios caracterizam esse território há milhões de anos e são muito comuns na savana do norte, mas também no sudeste do país, onde se concentra a maioria da população. No século XX houve muitos incêndios no sudeste, entre eles o da “sexta-feira negra”, que em 1939 causou a morte de 71 pessoas em Victoria. Houve vários na Tasmânia em 1967, com saldo de 62 mortes, e na “quarta-feira de cinzas”, em 1983, no qual 76 pessoas perderam a vida em todo o sul da Austrália. Mas, por maiores que tenham sido esses incêndios. As chamas deste mês, algumas das quais não se extinguiram, foram muito piores em termos de perdas humanas e de destruição.

Até agora há 200 mortos. Prevê-se que o número aumente na medida em que os bombeiros percorrerem as localidades arrasadas pelo fogo. Estima-se que cerca de sete mil pessoas perderam suas casas pela destruição de 450 mil hectares de vegetação, fazendas e até localidades inteiras a norte e a leste desta grande cidade. Os incêndios deste mês foram devastadores porque fortes ventos quentes se combinaram com temperaturas extremamente altas que, ao consumir a umidade do ambiente, tornaram a vegetação mais inflamável. Hennessy não atribui essa combinação de fatores diretamente ao aquecimento global na Austrália, mas, no entanto, considera a existência de um vínculo.

“O vento excessivo não está diretamente ligado à mudança climática, mas obedece ao calor que há no continente em comparação com o frio que está no oceano. Essa graduação de temperatura foi muito, muito forte no último dia 7”, explicou. A seca que há 12 anos afeta o sudeste australiano tem relação com a perda de umidade da vegetação da região, embora Hennessy tenha alertado que ainda se desconhece se a mudança climática é um fator vinculado a essa situação. “Existe uma ampla variedade nos padrões de chuvas por causas naturais, mas há a possibilidade de os gases de efeito estufa produzidos pela atividade humana terem influência. Mas, no momento isso não é quantificado”, disse o especialista.

As chamas de fevereiro podem assustar por seu poder destruidor, mas fazem parte de uma tendência que se acentuou nas últimas décadas. O clima de incêndios é definido por uma combinação de temperatura, umidade relativa e velocidade dos ventos. A maioria das intensas temporadas de fogo foi registrada a partir do final da década de 90, segundo o estudo “Clima de incêndios no sudeste australiano”, realizado pela Csiro em 2007.

O documento considera provável que o alto risco de incêndios obedeça a uma variação natural do clima e à mudança climática acentuada pela atividade humana, cuja importância relativa ainda não foi determinada. Também alerta que esta tendência à alta na frequência do clima de incêndios se manterá. A ocorrência do clima de incêndios aumentará anualmente, segundo as previsões, de zero a 10% até 2020, em relação a 1990, e de zero a 30% até 2050, porém, o mais alarmante talvez sejam as mudanças antecipadas na quantidade de dias com condições “extremas” e “muito altas”.

As condições extremas indicam um contexto em que os incêndios rapidamente se tornam incontroláveis antes da mudança das características do clima. As variáveis que definem o clima de incêndios aumentará entre 2% e 30% até 2020 e entre 5% e 100%, em relação a 1990. Além disso, a quantidade de dias com condições extremas aumentarão de 5% a 65% até 2020 e de 10% a 300% até 2050.

O secretário nacional do Sindicato Unido de Bombeiros da Austrália, Peter Marshall, atacou no último dia 12 o objetivo fixado pelo governo de baixar as emissões de gases de efeito estufa em apenas 5% até 2020, em relação a 2000, em carta aberta dirigida ao primeiro-ministro, Kevin Rudd, e ao governador de Victoria, John Brumbry. Se forem corretos os últimos comentários do professor Chris Field, integrante do IPCC, de que as últimas pesquisas sobre a mudança climática subestimaram notoriamente a severidade do aquecimento global, então até as mais graves previsões sobre os perigos de incêndios florestais no sudeste da Austrália podem ser superados.

(Por Stephen de Tarczynski, IPS, Envolverde, 19/02/2009)


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