Em 2050, o planeta terá mais 2 bilhões de habitantes e uma oferta de alimentos 25% inferior à de hoje, alertou o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) na terça-feira 17. De acordo com a organização internacional, a produção mundial de cereais permanece estagnada e a de pescados tem diminuído progressivamente. Além disso, uma combinação de fatores relacionados às mudanças climáticas, à degradação gradativa do solo e à escassez de água deve comprometer as lavouras e a criação de animais nos próximos anos.
O relatório Rapid Response Assessment (Avaliação para Resposta Rápida, em tradução livre) indica que a secular tendência de redução no preço dos alimentos está próxima do fim e que o aumento de custos verificado em 2008 foi o suficiente para lançar mais de 110 milhões de seres humanos na miséria. Achim Steiner, diretor-executivo do Pnuma, afirma ainda que mais da metade da comida produzida no mundo atualmente é perdida ou desperdiçada em razão da ineficiência.
“Precisamos lidar não apenas com a forma como o mundo produz alimentos, mas também com o modo como eles são distribuídos, vendidos e consumidos”, disse Steiner, durante entrevista coletiva no Quênia. “Há evidência no relatório de que o mundo poderia alimentar todo o crescimento populacional projetado apenas se tornando mais eficiente, o que também garantiria a sobrevivência de animais, pássaros e peixes.”
O relatório revela que o preço dos alimentos deve aumentar de 30% a 50% nas próximas décadas, enquanto a população mundial, hoje com quase 7 bilhões de habitantes, deve chegar aos 9 bilhões em 2050. Para reverter a iminente crise alimentar, a entidade propõe a regulamentação dos preços das commotidies. Aventa ainda a possibilidade de se criarem grandes estoques de alimentos para evitar a oscilação nos custos.
(
CartaCapital, 19/02/2009)