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industria do cimento geração de energia
2009-02-20

O aterro sanitário do município de Catangalo, na região serrana do Rio, começou a destinar parte do lixo urbano que recebe para a geração de energia da Lafarge, um dos maiores produtoras de cimento do país. Em uma iniciativa inédita, resíduos até então descartados começaram a ser enviados para os fornos da fábrica, gerando o calor necessário para a produção de clínquer, a base do cimento. A parceria público-privada resolve dois problemas de uma só vez: reduz o passivo ambiental de Cantagalo e amplia o blend de combustíveis alternativos usados pela Lafarge.   

Há alguns anos, a indústria cimenteira adotou no Brasil o chamado "coprocessamento", pelo qual substitui parte do combustível fóssil - como o coque de petróleo - por resíduos industriais. Em 35 das 48 fábricas do país entraram somente no ano passado 1 milhão de toneladas de descartes de outros setores que abrangem desde solos contaminados e pneus até preservativos fora das especificações da Anvisa. A inclusão do lixo urbano era uma questão de tempo. "Quem não fizer isso vai ficar para trás", diz Yushiro Kihara, gerente nacional de tecnologia da Associação Brasileira de Cimento Portland (ABCP), lembrando que a indústria cimenteira de alguns países na Europa já aproveita o poder calorífico do lixo de grandes cidades.

No Brasil, a iniciativa da Lafarge deverá ser seguida por outros grupos. Até o final deste ano, a Camargo Corrêa Cimentos pretende acrescentar o lixo urbano aos resíduos industriais e à biomassa que já utiliza para gerar energia em metade das suas fábricas. Também em estudo, mas ainda sem data definida de implementação, a Votorantim Cimentos e a Cimpor Brasil afirmam seguir o mesmo caminho.

Iniciado em janeiro, o coprocessamento com lixo urbano vinha sendo estudado há um ano pela Lafarge. Além da Prefeitura, a parceria envolveu a secretaria municipal de Meio Ambiente e pesquisadores da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) na análise de tipologia e do potencial energético dos resíduos.

"É uma quebra de paradigma", afirma Francisco Leme, diretor-geral da Eco-Processa, uma joint-venture da Lafarge e da Cimpor para a gestão do tratamento de resíduos no setor cimenteiro.

O estágio avançado da coleta e separação de resíduos de Cantagalo foi um fator importante para a escolha do local da primeira experiência de coprocessamento com lixo da Lafarge no Brasil. "Os resíduos orgânicos já são encaminhados para compostagem e o que tem valor agregado vai para a reciclagem. Aproveitamos a sobra da sobra - resíduos sujos, panos, o que não é aproveitado para mais nada", explica Leme.

Por conta da eficiência do processo de seleção em Cantagalo, o volume de "sobras" de lixo enviado à fábrica carioca é pequeno. São só 30 toneladas por mês, o equivalente a 10% dos resíduos do município e a 0,25% das 12 mil toneladas de resíduos industriais e biomassa que as três plantas da Lafarge coprocessam por mês em Cantagalo, Matozinhos e Arcos (ambas em Minas Gerais).

Com o resíduo entregue pronto à porta da indústria, a necessidade de investimento cai significativamente. No caso da Lafarge foram precisos pequenos ajustes - Leme não revela números.

"A descaracterização do lixo é crucial para a viabilidade econômica do coprocessamento", diz Patrícia Monteiro Montenegro, gerente de Meio Ambiente e Coprocessamento da Votorantim Cimentos. Empresa líder na produção de cimento no Brasil, a Votorantim começou a discutir há dois anos a inclusão do lixo urbano em substituição ao coque de petróleo. A ideia é iniciar as operações nas maiores de suas 12 fábricas: Rio Branco do Sul, na região de Curitiba (PR), e na Unidade Laranjeiras, em Aracaju (SE).

Nos dois casos, diz Patrícia, a vida útil dos aterros municipais está próxima do fim. Curitiba tem ainda a vantagem de ser uma referência em seleção de resíduos domésticos, com alto grau de adesão da população na separação do lixo. "É a solução ideal para grandes cidades", diz ela. No momento, a Votorantim está em fase de "discutir com as partes interessadas uma parceria público-privada". Em Aracaju, onde a reciclagem engatinha, a empresa poderia até contribuir no processo de seleção do lixo. "Estamos estudando modelos de negócio".

Para a Votorantim e seus concorrentes, quanto mais combustível alternativo nos fornos, melhor: o custo de energia na indústria cimenteira gira em torno de 30% do gasto total do setor. Na Votorantim, 20% da matriz energética vem hoje de fontes alternativas. Na Cimpor, a substituição energética foi de 22% em 2008. Na Camargo Corrêa, 50% das fábricas do grupo no Brasil e Argentina já fazem o coprocessamento com resíduos industriais e biomassa, sendo o maior percentual de substituição de 12%.

"A gente tem planos de incluir o lixo urbano no coprocessamento. Estamos conversando com algumas Prefeituras", diz Ricardo Mastroti, gerente corporativo de Sustentabilidade da divisão de cimentos da Camargo Corrêa, sem abrir mais detalhes.

Na Europa e nos Estados Unidos, os resíduos - industrial e urbano - já representam 98% da demanda de energia de algumas plantas de cimento. No Brasil, média de substituição é de 15%, segundo informou a ABCP.

(Por Bettina Barros, Valor Econômico, 20/02/2009)


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