A deputada do Bloco de Esquerda, Alda Macedo, criticou, quinta-feira, em Leiria, o "passivo ambiental que se arrasta ao longo dos anos" em relação à poluição provocada pelas suiniculturas, classificando esta situação como "absolutamente medieval". "A região não beneficia em nada com o mau nome", disse a parlamentar num colóquio promovido pelo Núcleo de Leiria do BE sobre a situação da bacia hidrográfica do Rio Lis, considerando que a resolução deste problema "não pode ser mais adiada".
Alda Macedo afirmou que a estação de tratamento de efluentes suinícolas, que pretende resolver os problemas de poluição associados ao sector das suiniculturas, "é um equipamento essencial". A deputada mostrou-se preocupada com o financiamento da estação de tratamento de efluentes suinícolas, projectada para a Freguesia de Amor, Leiria, cuja gestão e exploração é da responsabilidade da empresa Recilis.
Bra pediu ao consórcio construtor uma declaração na qual a empresa Águas de Portugal (AdP) garanta lamas das suas estações de tratamento caso, alguma vez, faltem efluentes suinícolas para a estação de tratamento de efluentes suinícolas. "A empresa é uma entidade do Estado e o banco sente-se mais reconfortado em ter a garantia da AdP", declarou Rui Berkemeier, afirmando desejar uma "solução rápida" para resolver este problema.
O ambientalista desafiou, ainda, a Recilis a criar uma comissão de acompanhamento da estação de tratamento de efluentes suinícolas, apontando a necessidade de "transparência" no processo. "Em termos teóricos, a estação de tratamento de efluentes suinícolas é uma boa solução", reconheceu o ambientalista observando, no entanto, que "a tecnologia nem sempre cumpre a sua função".
O responsável da Quercus admitiu que actualmente a situação ambiental na bacia do Lis "está melhor mas muita coisa podia ainda ser melhorada". O porta-voz da Comissão de Ambiente e Defesa da Ribeira dos Milagres, Rui Crespo, discordou: "Estamos rigorosamente como estávamos há 20 anos". Rui Crespo salientou que "a impunidade continua a existir" perante descargas para a Ribeira dos Milagres que são "sempre à noite ou ao fim-de-semana".
Por seu turno, o presidente da Recilis, David Neves, explicou que a estação de tratamento de efluentes suinícolas será financiada pelo Quadro de Referência Estratégico Nacional mas aguarda-se a publicação da portaria da respectiva medida. O dirigente assegurou que o processo de construção da estação de tratamento de efluentes suinícolas "está na fase final do processo de avaliação ambiental", reiterando a promessa da "resolução deste processo dentro de dois anos".
O responsável, que é também presidente da Associação de Suinicultores de Leiria, sustentou que se hoje o problema das suiniculturas existe, "não há ninguém na Administração Central, Administração Local e os próprios empresários isentos de responsabilidade". David Neves garantiu, por outro lado, que "não há suiniculturas ilegais mas em irregularidade", situação que atribui à "inércia, incapacidade e
incompetência da Administração nesta matéria". Quanto ao repto da Quercus, David Neves garantiu a criação de uma comissão de acompanhamento "o mais rápido possível".
(Portal Ango, 19/02/2009)