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represa hidrologia conservação da biodiversidade
2009-02-20
Tipo de trabalho: Tese de Doutorado
Instituição: Escola de Engenharia de São Carlos da Universidade de ão Paulo (EESC/USP)
Ano: 2008
Autora: Danielli Cristina  Granado
Resumo:
Com o objetivo de compreender a influência da variação hidrométrica na estrutura da comunidade fitoplanctônica do rio Paranapanema e de três lagoas laterais (Camargo, Coqueiral e Cavalos), com diferentes níveis de associação com o curso de água, localizadas na zona de transição com a Represa de Jurumirim foram realizadas amostragens mensais na subsuperfície e no fundo dos ambientes, no período de julho de 2004 a julho de 2005. De 11 de novembro de 2004 a 10 de fevereiro de 2005, as coletas subsuperficiais passaram a ser realizadas duas vezes na semana, totalizando 27 amostragens. Foram obtidos dados de precipitação e de temperatura do ar e da água e realizadas análises físicas e químicas na água (transparência da água, extensão da zona eufótica, coeficiente de atenuação da luz, condutividade elétrica, alcalinidade, oxigênio dissolvido, pH, nutrientes totais e dissolvidos e velocidade da correnteza no rio) e da comunidade (clorofila mais feofitina, riqueza, freqüência de ocorrência, densidade, biovolume, diversidade, equidade, dominância, estrutura de tamanho dos organismos, espécies descritoras dos ambientes e taxa de modificação da comunidade). Em função da variação hidrométrica, cinco períodos foram definidos: vazante de 2004 (julho a setembro de 2004), estiagem (outubro a dezembro), enchente (janeiro e fevereiro), cheia (março e abril) e vazante de 2005 (maio, junho e julho de 2005). As lagoas Camargo e Coqueiral, por estarem permanentemente associadas ao Rio Paranapanema apresentaram variação similar entre si, seguindo o mesmo padrão do curso de água, em relação as variáveis físicas e químicas, com exceção do oxigênio dissolvido. A lagoa dos Cavalos, por ser um ambiente isolado e de dimensões menores apresentou uma dinâmica distinta dos outros corpos de água. A comunidade fitoplanctônica da região de desembocadura do rio Paranapanema no Reservatório de Jurumirim no ano de estudo foi composta por 180 táxons, dos quais a classe Chlorophyceae foi responsável por mais de 40% do total. A variação sazonal do fitoplâncton (densidade, biovolume, diversidade) pode ser atribuída, principalmente, a flutuação do nível hidrométrico nos ambientes estudados. O período de estiagem foi caracterizado por baixas densidades e biomassas (mas as menores foram registradas no início da vazante de 2004) e elevados valores de diversidade. Nas fases de enchente e cheia ocorreram altas densidades e biomassas, representadas, especialmente, pela classe Cryptophyceae (Cryptomonas brasiliensis) e níveis intermediários de diversidade. A lagoa dos Cavalos apresentou um padrão similar de variação dos atributos da comunidade, mas com valores de diversidade e densidade duas vezes mais elevados que os outros ambientes a partir do final da enchente e mantiveram-se altos até vazante de 2005. No estudo intensivo, uma fase considerada como de equilíbrio da comunidade foi detectada apenas na lagoa dos Cavalos, através do predomínio de Aphanocapsa spp. durante aproximadamente cinco semanas. A partir daí, a biomassa dessa espécie foi reduzida e Cryptomonas brasiliensis predominou com mais de 40% da biomassa total por duas coletas, após a ocorrência de um súbito aumento no nível hidrométrico, que desestabilizou a comunidade, favorecendo o desenvolvimento dessa espécie oportunista que, em seguida foi substituída por Botryococcus braunii. A seguir, houve aumento da diversidade do fitoplâncton. Assim, parece que o estágio maduro do ecossistema foi alterado e a sucessão revertida a estágios iniciais, visto o desenvolvimento de espécies pioneiras (R-estrategistas), seguido de aumento da diversidade fitoplanctônica. Nos outros ambientes, Cryptomonas brasiliensis também apresentou picos de crescimento ao longo do estudo, sendo relacionados a eventos de precipitação e/ou vento. Sem a interferência antrópica, caracterizada pelo manejo da barragem de Jurumirim, provavelmente, a comunidade fitoplanctônica teria mais tempo para se auto-organizar durante a limnofase desencadeando uma sucessão verdadeira nas Lagoas Camargo e Coqueiral. A inundação, então, funcionaria como um distúrbio intermediário elevando as diversidades. Aparentemente, nas condições atuais, a inundação tem ocasionado apenas um distúrbio de baixa intensidade, sem resultar em diversidade máxima, devido à constante entrada de água nas lagoas conectadas ao longo do ciclo sazonal. No entanto, na lagoa dos Cavalos (ambiente isolado), o aumento substancial do volume de água no final de janeiro de 2005 pode ser considerado uma perturbação de intensidade intermediária, visto os elevados valores de diversidade e riqueza do fitoplâncton encontrados após a enchente, que foram os mais elevados deste ambiente durante o período de estudo.

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