Ambientalistas de Londrina acusaram o Consórcio Cruzeiro do Sul, responsável pelas obras de construção da Usina Hidrelétrica de Mauá (UHE), no Rio Tibagi, próximo ao município de Telêmaco Borba, nos Campos Gerais do estado, de não cumprir a ordem do juiz Alexei Ribeiro Alves, da 1.ª Vara da Justiça Federal de Londrina, para a paralisação das obras.
Os ambientalistas estiveram no canteiro de obras na manhã de sábado (14), em viagem organizada pelo Conselho Municipal do Meio Ambiente de Londrina (Consemma). No local eles filmaram e fotografaram o trabalho de máquinas e operários. Para o secretário executivo do Consemma, Carlos Levy, em algumas das imagens fica claro que máquinas perfuratrizes, equipamentos usados para instalar dinamites e remover pedras, trabalhavam normalmente. As imagens da denúncia podem ser vistas no blog da ONG Meio Ambiente Equilibrado (MAE).
A assessoria de imprensa do consórcio informou que a movimentação é referente à desmobilização da obra. A assessoria disse que obteve do juiz federal uma autorização para realização de medidas de proteção e conservação do meio ambiente. Segundo o consórcio, com as escavações parte da cobertura vegetal foi retirada e estas medidas visam impedir que ocorram erosões, além de proteger o rio de assoreamento.
A assessoria disse também que a autorização para a realização destes procedimentos tem o prazo de 25 dias a contar da notificação da decisão judicial, que aconteceu no dia 10 de fevereiro. Para o consórcio, quem olha de longe, vê apenas a movimentação dos trabalhadores, mas não sabe qual é o objetivo deles. A assessoria de imprensa ainda afirmou que as obras da UHE não podem simplesmente serem suspensas de forma imediata, e que as medidas de preservação também visam a preservação do canteiro e para evitar acidentes com os trabalhadores em uma possível retomada das obras.
No entanto, para Levy o pedido do Consórcio para a realização destas medidas quer apenas encobrir o andamento das obras. O secretário executivo do Consemma afirmou que as imagens registradas no sábado (14) foram encaminhadas para a Procuradoria Federal e para o Ministério Público Estadual (MP) na tarde da terça-feira (17). “Queremos dar ciência para o juiz que a sua decisão está sendo descumprida pelo Consórcio que continua cavando o local como se nada tivesse acontecido”, ressalta.
Levy espera um posicionamento rápido da Justiça Federal e destacou que os responsáveis da obra podem responder criminalmente. “Agora o consórcio está trabalhando sem licença ambiental. Desta forma, há a possibilidade de que ocorram prisões em flagrantes, principalmente dos encarregados da obra. Por isso, esperamos que o MP tome as providências cabíveis”, definiu.
(Por Daniel Costa, Gazeta do Povo, 18/02/2009)